"Mantemos a nossa convicção de que o crescimento real do PIB português irá desacelerar para o ano. Esperamos que a economia se expanda em 1,5% numa base anual, abaixo da estimativa de 2,1% em 2018 e da previsão do Ministério das Finanças de 2,2%", referiu a empresa, numa nota enviada hoje.
A Fitch Solutions acredita que o arrefecimento da economia nacional será "alargado, com menos contributos do setor privado e dos gastos do Estado, bem como do setor externo", mas a empresa também realçou que um "enquadramento estrutural robusto", graças a um baixo nível de desemprego, a descida da dívida e uma política fiscal "prudente" irá prevenir uma queda da economia mais acentuada. Por isso, "o crescimento irá manter-se bem acima da média de -0,1% de 2007 a 2016", garantiu a filial da agência de rating.
A Fitch Solutions realçou, no entanto, que considera Portugal "uma economia de alto risco, que poderá assistir a um arrefecimento mais substancial no caso de um grande choque na zona euro".
Na mesma nota, a empresa apontou o dedo ao "consumo privado", que tem dado um grande contributo para o crescimento do PIB recentemente mas que deverá reduzir-se, devido a uma descida da confiança dos consumidores, face aos máximos que atingiu na segunda metade de 2017 e no primeiro semestre de 2018.
Aliás, explicou a Fitch Solutions, uma combinação de menos crescimento na zona euro, um aperto na política monetária e na área fiscal irá "manter a confiança do consumidor relativamente subjugada".
A alteração à política monetária ultra liberal dos últimos anos deverá, aliás, alerta a Fitch Solutions, restringir a concessão de crédito às famílias, que tem subido rapidamente "nos últimos 18 meses, muito acima do crescimento geral do sector privado".
Os baixos níveis de desemprego e a inflação controlada ajudam a que o consumo privado não caia "aparatosamente", mas deverá arrefecer face aos níveis de 2017 e 2018, de acordo com a mesma nota, altura em que registava uma expansão média de 2,2%. Para 2019 deverá fixar-se em 1,5%, estima a Fitch Solutions.
Os gastos do Estado também irão abrandar em 2019, ao mesmo tempo que as receitas fiscais deverão ficar abaixo da meta, tendo em conta que o crescimento do PIB será menor do que as previsões do Orçamento do Estado.
A empresa identifica ainda outro risco: a subida dos custos do financiamento, que acabará por retirar uma fatia ao montante que o Governo poderia investir no crescimento da economia.
O arrefecimento do sector externo, tendo em conta que as exportações portuguesas são direcionadas, sobretudo, à zona euro, incluindo o turismo, é outro dos obstáculos para 2019.
A Fitch Solutions reconhece que a estrutura da economia portuguesa está melhor do que há dez anos, para aguentar o impacto deste arrefecimento. Mas a empresa diz que o "calcanhar de Aquiles do país é o peso massivo da dívida pública, que é a terceira maior da zona euro, a seguir à Grécia e Itália, estando nos 124% do PIB no fim de 2017".
A nota alerta para o facto de que, com estes níveis de endividamento, qualquer choque na Europa pode ter um impacto "desproporcionado na economia portuguesa".