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Estabilidade no Sahel passa por sustentabilidade ambiental e emancipação

A estratégia da Organização das Nações Unidas para estabilização da região africana do Sahel deve basear-se no combate às alterações climáticas, empoderamento das mulheres e fim dos conflitos violentos, considera o Conselho de Segurança.

Estabilidade no Sahel passa por sustentabilidade ambiental e emancipação
Notícias ao Minuto

06:06 - 21/12/18 por Lusa

Economia Feminismo

Dada a posição geográfica e composição política da região, a paz e estabilidade têm impacto direto não apenas em países vizinhos, mas também na Europa e no resto do mundo, consideraram vários Estados-membros do Conselho de Segurança nas suas intervenções numa sessão de informação sobre o Sahel e sobre a Estratégia Integrada das Nações Unidas para o Sahel (UNISS), realizado na quinta-feira na sede da ONU em Nova Iorque.

A economia dos países do Sahel é em grande escala focada nas atividades do setor primário, nomeadamente agricultura, pelo que os efeitos negativos das mudanças climáticas são algumas das causas mais graves da instabilidade.

O representante especial do secretário-geral para o Sahel, Ibrahim Thiaw, alertou que mais de oito milhões de habitantes da região poderão ser afetadas pela insegurança alimentar em 2019, sendo que em 2018 o número de pessoas com falta de meios para obter alimentos foi de dez milhões e mais de metade (5,8 milhões) vivem em Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia, Níger e Senegal.

Os conflitos com vista ao domínio territorial ou domínio de fontes de água aumentam com um "ritmo alarmante", declarou Ibrahim Thiaw, acrescentando que se tem notado aumento do número e da severidade das hostilidades entre agricultores e donos de terras e infraestruturas.

Vários Estados-membros constataram que a região é das menos desenvolvidas do mundo e a sua estabilidade está ameaçada por sérias dificuldades, como pobreza extrema, rápido aumento da população, efeitos das alterações climáticas, crise alimentar, governos frágeis e insegurança relacionada com conflitos violentos e terrorismo.

Os participantes da reunião afirmaram que a visão sobre a região tem de mudar e centrar-se nas oportunidades e recursos que a zona geográfica oferece, com aumento de iniciativas privadas, tornando o setor primário menos vulnerável às alterações climáticas.

Sendo África a região com a população mais jovem do mundo, a habilitação de jovens e o empoderamento das mulheres foram outras das questões principais levantadas para a Estratégia Integrada das Nações Unidas para o Sahel, que deverá estar alinhada com os objetivos de desenvolvimento da Agenda 2030 e da Agenda 2063 da União Africana.

As mulheres devem ter mais oportunidades de participação ativa na sociedade civil e liderança de negócios, apontaram vários Estados-membros do Conselho de Segurança.

"Ao envolver as mulheres nos papéis principais de mães, professoras, representantes da sociedade civil e líderes empresariais, podemos focar recursos de forma mais construtiva para responder aos problemas da violência, extremismo, radicalização e manter a nossa comunidade segura", disse o representante permanente dos Estados Unidos na ONU.

Na mesma reunião, o vice-presidente do Banco Mundial para África, Hafez Ghanem, declarou que a instituição financeira contribuiu com mais de mil milhões de dólares em cinco anos para a realização de projetos desenvolvidos pela organização G5 Sahel, composta por Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade.

O Banco Mundial financiou diversos projetos na região, disse Hafez Ghanem, como a reabilitação de uma zona piscatória no centro do Mali, em que se deu ênfase à melhoria das condições do porto, investimento na energia solar e construção de estradas.

Outro convidado da reunião do Conselho de Segurança, foi a Aliança Sahel (Sahel Alliance), representada por Rémy Rioux, que disse que a organização está a desenvolver projetos nos países da G5 Sahel em torno de seis prioridades: juventude e educação, agricultura e segurança alimentar, energia e clima, infraestruturas locais, governação e segurança interna.

Desde 2017, a União Europeia contribuiu com cerca de 232 milhões de euros para estes projetos, disse Rémy Rioux.

A Aliança Sahel foi lançada em julho de 2017 e é constituída pela União Europeia, Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e organizações da Alemanha, Espanha, França, Itália, Luxemburgo e Reino Unido.

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