Há mais interesse no mercado de capitais e novos instrumentos para entrar
A presidente executiva da Euronext Lisbon, Isabel Ucha, afirmou hoje, em entrevista à Lusa, que há um maior interesse por parte das empresas no mercado de capitais português e novos instrumentos de financiamento a que podem recorrer.
© Fábio Poço/Global Imagens
Economia Euronext
"O ano de 2018 trouxe-nos perspetivas de novas operações, mais emitentes interessados, mais emissões de obrigações, três operações concretizadas, o que nos leva a crer que há, por parte das empresas, dos empresários portugueses e do ecossistema em geral mais interesse no mercado de capitais", afirmou Isabel Ucha à Lusa, à margem da conferência 'Via Bolsa - Financiamento Através do Mercado de Capitais', que decorreu hoje no Museu do Dinheiro, em Lisboa.
Para este ano, a presidente executiva da Euronext Lisbon mostrou-se otimista. "O ano de 2019 começou bem nos mercados, com os índices a subir e vamos esperar que mais algumas operações se possam concretizar", referiu.
Isabel Ucha indicou também que o grupo tem vindo a "trabalhar ativamente para informar, capacitar e mobilizar os empresários portugueses e as empresas" relativamente às formas de financiamento por via do mercado de capitais, e sublinhou que existem atualmente mais emitentes na bolsa portuguesa.
"É bom realçar que temos muito mais emitentes na bolsa portuguesa se olharmos, por exemplo, para o segmento de emissão de obrigações. Tivemos nos últimos cinco anos mais 25 novos emitentes de obrigações, empresas não financeiras de obrigações, e destes, 17 são empresas que não estão cotadas em bolsa", indicou, salientando que "as empresas portuguesas estão também a fazer o caminho do mercado de capitais por via de instrumentos de dívida, que também são muito relevantes para financiar os capitais permanentes".
Isabel Ucha, que também é professora na Universidade Católica, frisou que o mercado de capitais disponibiliza "novas formas, novos instrumentos" de financiamento para as empresas.
A responsável explicou que, entre os diversos instrumentos de financiamento (instrumentos de dívida, de capital e instrumentos híbridos), as empresas vão à procura daqueles que, por um lado, melhor satisfaçam as suas necessidades de financiamento complementar a outros, nomeadamente crédito bancário, e por outro lado, se tiverem a oportunidade e a necessidade, avançam também para a abertura de capital ou instrumentos de capital.
Questionada sobre o que pode ser feito para atrair novas empresas para o PSI 20, o principal índice bolsista português, a presidente executiva da Euronext Lisbon indicou que o índice "continua a ser utilizado como referência por investidores institucionais, fundos de investimento e outro tipo de investidores" e que, para entrarem mais empresas no mercado de capitais, "é preciso que o momento do mercado seja positivo e que todo o ecossistema continue a fazer o seu trabalho de promoção, de divulgação e de informação".
"Naturalmente se entrarem outras empresas no mercado, designadamente empresas com dimensão, elas vão ser consideradas para o índice [PSI 20], mas também é interessante notar que empresas que estão hoje no índice, como por exemplo, a Corticeira Amorim e a própria Ibersol são empresas que fizeram dispersões adicionais de capital que as tornaram mais interessantes também como opções de investimento, e referi estas duas, mas há outras naturalmente", disse.
A responsável referiu também que a Euronext disponibiliza uma "família de índices de empresas mais pequenas, de empresas maiores, de empresas familiares, índices tecnológicos", acrescentando que uma das tendências é a procura por índices com preocupações de sustentabilidade.
"O desenvolvimento e o cálculo de índices resulta da procura que vamos tendo por parte dos seus utilizadores, dos nossos clientes de índices, os fundos de investimento, os fundos de pensões, os gestores de ativos, os emitentes de produtos, dos ETF, dos certificados ou outro tipo de investimentos", indicou Isabel Ucha.
A propósito do impacto que uma saída disruptiva do Reino Unido da União Europeia ('Brexit') poderá ter no mercado de capitais português, a presidente executiva da Euronext Lisbon manifestou-se preocupada com as consequências negativas e adiantou que a Euronext, "enquanto gestor de mercado" tem estado "muito atenta" e tem acompanhado a necessidade dos clientes e membros, ajudando nos respetivos planos de contingência e de operação para fazerem face ao cenário que se venha a concretizar.
Isabel Ucha é presidente executiva da Euronext Lisbon desde 1 de janeiro, tendo substituído Paulo Rodrigues da Silva, que renunciou ao cargo.
A responsável está na Euronext desde 2007 e chegou a assumir interinamente a liderança da instituição em 2016.
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