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Carlos Costa nega tudo. "Nunca participei em créditos que geraram perdas"

O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, reiterou esta terça-feira em entrevista à SIC que não participou em créditos que "geraram perdas para a Caixa Geral de Depósitos (CGD)" ou que "lesassem os interesses" do banco público. E fragilizado, está? "Não, são falsidades que me atribuem".

Carlos Costa nega tudo. "Nunca participei em créditos que geraram perdas"
Notícias ao Minuto

20:49 - 19/02/19 por Ana Lemos com Fábio Nunes

Economia Governador

Num momento em que tem sido associado a créditos ruinosos na CGD, nos anos em que foi administrador, e depois de ter sido acusado de desfrutar de uns dias de férias num dos empreendimentos que estava a falhar o crédito ao banco público, o governador do Banco de Portugal (BdP) foi entrevistado esta terça-feira na SIC, onde esclareceu estas e outras questões que têm colocado a sua idoneidade em causa.

Assegurando, desde logo, que "só ocasionalmente participava no Conselho Alargado de Crédito" da CGD, e sublinhando que tal participação "destinava-se apenas a assegurar o número de administradores necessários", Carlos Costa repetiu - vezes sem conta -  "não" às questões de José Gomes Ferreira.

"Não, entre 2004 e 2006 nunca presenciei qualquer atitude ou movimento que lesasse os interesses da CGD do ponto de vista da concessão de crédito", garantiu, acrescentando que "não estava na sala" a 27 de julho de 2006, dia em que foi aprovado o financiamento ao resort de luxo em Vale do Lobo.

"A operação de crédito em que a CGD decidiu participar foi decidida num Conselho Alargado de Crédito (CAC) onde não estava presente. O que aconteceu é que há uma reunião anterior em que se decide em que condições podia a CGD participar numa eventual aquisição de Vale do Lobo (...). O que estava ali em causa era, se essa operação se viesse a concretizar, o que a CGD iria fazer. A operação não tinha, nem tem nada a ver com os princípios estabelecidos para uma eventual participação da CGD. [Tratava-se de] acompanhar um movimento que se antecipava ao financiamento", explicou o governador do BdP.

E o crédito de 150 milhões concedido a Manuel Fino, à data principal acionista da Soares da Costa, para comprar ações da Cimpor? "Não, os créditos em que participei não geraram perdas para a CGD. E esse crédito foi reembolsado em 2009. Os créditos mencionados na auditoria são créditos em que não participei. Nos 25 grandes créditos que geraram perdas e imparidades para a CGD, eu nunca participei na decisão", assegurou.

"A fungibilidade do dinheiro, não significa a fungibilidade das operações", vincou Carlos Costa, acrescentando: "As decisões que determinaram perdas para a CGD foram tomadas em Conselhos Alargados de Crédito onde não participei. E ainda bem que há uma auditoria independente onde isso está demonstrado".

E as ditas férias em Vale do Lobo?

"Não tinha nada a ver com Vale do Lobo" e as férias que lá passou - 6 a 16 de agosto de 2013 e 9 a 16 de agosto de 2014 - pagou, garantiu, "o preço solicitado". Quanto à compra a Armando Vara da Herdade do Cortiço, em Montemor-o-Novo, por 250 milhões de euros, o governador do BdP esclareceu "não sou amigo de Vara" e o negócio "foi feito através dos serviços comerciais", ou seja, de uma imobiliária.

Os "serviços da Caixa identificaram a oportunidade" e até comprou por um preço, "uns milhares de euros, acima do que inicialmente era pedido pela empresa imobiliária.

Idoneidade mantém-se 'tranquila'

Questionado sobre se considera que está em causa a sua idoneidade, Carlos Costa lembrou que "os procedimentos relacionados com os governadores dos bancos centrais estão claramente estabelecidos no estatuto do sistema europeu de bancos centrais", motivo pelo qual, prosseguiu, "não tenho que me considerar fragilizado por coisas que não cometi e que são falsidades que me atribuem".

"É simples, o teste de idoneidade não se aplica (...) aos governadores. De acordo com o que está estabelecido, eu informo a comissão de ética do banco e a comissão de ética do BCE, e se alguém tem provas que me ponham em causa pode percorrer o tratado de forma a exonerar-me". Assim é o procedimento, explicou o próprio.

Neste sentido, conclui recuperando os 'nãos' que dominaram as resposta a esta entrevista à SIC, "não tenho nenhum problema de consciência porque desenvolvi a minha atividade com a diligência e a boa-fé que é própria da minha atividade".

E é para continuar? "Não estou cansado" e "quando se age de forma independente tem de se estar preparado para desagradar a gregos e a troianos", afirmou em jeito de resposta a quem nos últimos dias tem clamado pela sua saída do Banco de Portugal.

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