"Para pagar ao FMI e aliviar juros arranjámos outros encargos"
Manuela Ferreira Leite não duvida que o pagamento antecipado ao Fundo Monetário Internacional seja uma boa notícia, o problema está na informação que se omitiu e que, segundo a comentadora, não foi sequer discutida na Assembleia da República.
© Global Imagens
Economia Ferreira Leite
Na senda da entrevista de Christine Lagarde, na qual a responsável máxima do FMI elogiou a economia portuguesa e agradeceu o pagamento da dívida cinco anos antes do prazo, Manuela Ferreira Leite teceu algumas considerações a este respeito.
No seu espaço de comentário semanal na antena da TVI, a antiga ministra das Finanças começou por dizer que “é verdade que foi bom que tivéssemos escolhido resgatar aquele empréstimo ao FMI porque as taxas de juro eram elevadas”.
No entanto, sublinhou, "o que se disse é que se poupava em juros, mas não se disse quantos juros ficámos a pagar a mais por termos feito o pagamento ao FMI”.
É que, explicou Ferreira Leite, “não é possível fazer-se a amortização de uma dívida não falando com os outros credores”.
“Isto é uma negociação com duas condições: por um lado, todos os empréstimos que vão ser contraídos para pagar aquele – não baixámos a dívida, substituímos aquela por outra – têm que ter um prazo de maturidade superior, por isso, com mais juros e, por outro lado, é obrigatório um excedente de tesouraria superior em 40% das necessidades de financiamento do país”, acrescentou.
E isto, garantiu, foi “discutido e aprovado no Parlamento alemão”, mas “uma coisa é certa, não passou pelo Parlamento português”.
Quanto a esta questão, Ferreira Leite é perentória e não tem dúvidas: “Para fazer este pagamento e poupar este tipo de juros arranjámos outros encargos”.
Face ao exposto, a social-democrata considera que este é o “tipo de notícia que, sendo verdadeira, ao omitir uma parte importante – quais os ganhos em termos líquidos – leva à desconfiança que, afinal, não tivemos tanto lucro assim e que foi só uma bandeira” utilizada pelo Governo.
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