Cavaco diz que saída do euro não é uma opção
O antigo Presidente da República Cavaco Silva afirmou hoje que uma eventual saída do euro não é uma verdadeira opção e lembrou as consequências negativas e a situação "caótica" que deixar a moeda única provocaria.
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Economia Ex-presidente
"A saída do euro não é uma verdadeira opção. O governo de qualquer Estado membro tem pavor do que aconteceria no futuro se tomasse a decisão de sair do euro: forte depreciação da moeda nacional, aumento do preço de produtos importados, agravamento do valor da dívida do Estado, dos bancos e das empresas para com não residentes, empobrecimento dos consumidores, corrida aos bancos pelo levantamento de depósitos", apontou.
Para Cavaco Silva, tal representaria "uma situação caótica, economicamente destrutiva, financeiramente ruinosa e socialmente devastadora".
O ex-Presidente da República falava, na Covilhã, no distrito de Castelo Branco, à margem de uma conferência que proferiu na Universidade da Beira Interior sobre "A singularidade da construção europeia e o futuro do euro".
Durante a sessão, Cavaco Silva recordou ainda que o caso da Grécia provou que a saída do euro não é uma opção e lembrou a resposta que o primeiro-ministro grego deu, em 2017, a um jornal sobre a sua decisão de não retirar aquele país da zona euro, depois de ter vencido o referendo contra a austeridade: "Sair do euro? E ir para onde? Para outra galáxia?", citou.
Cavaco Silva considerou que, entre os novos passos que estão agora em análise, "a questão mais importante" é dotar a zona euro de um orçamento próprio.
"Trata-se de acrescentar à União Económica e Monetária uma capacidade orçamental própria", referiu, apontando que também Portugal teria a ganhar com esta medida.
Lembrando que à ideia de um orçamento da zona euro também tem sido associada a proposta de criar o cargo de ministro das Finanças e da Economia Europeia, Cavaco Silva defendeu que, "independentemente da designação, faz sentido que a nível europeu exista uma entidade responsável, não só pelo orçamento próprio da zona euro, mas também pela política de assistência macroeconómica".
Cavaco Silva referiu igualmente que as crises que a Europa viveu serviram para a tornar mais forte e salientou que, nem os erros que possam ter sido cometidos ao longo dos anos, nem o Brexit, reduzem a grandeza história da construção da União Europeia e da zona euro".
"Os resultados, nas suas múltiplas dimensões, são indiscutivelmente positivos: 60 anos de paz, alargamento do espaço europeu, da liberdade e democracia, controlo da inflação, estabilização do câmbio, uma voz forte na cena internacional e a melhoria substancial do nível de bem-estar das populações, sem esquecer o enriquecimento humano que resulta da liberdade de circulação das pessoas".
O antigo chefe de Estado disse ainda que as vozes político partidárias que reclamavam a saída da zona euro, têm vindo claramente a esmorecer e reiterou que tudo aponta para que o euro continue, no futuro, a ser uma moeda de crescente sucesso.
"O euro é um dos ativos europeus mais valiosos que a minha geração deixa aos jovens portugueses. Protejam-no e tirem bom proveito dos benefícios que ele proporciona", apelou, dirigindo-se aos estudantes que estavam na plateia.
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