CGD tinha 4,5 mil milhões de euros em crédito garantido por ações em 2008
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) tinha 4,5 mil milhões de euros de crédito garantido por ações em 2008, data em que Fernando Faria de Oliveira iniciou funções como presidente do banco, referiu hoje o antigo responsável.
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Economia Comissão de inquérito
"A Caixa tinha 4,5 mil milhões de euros garantidos por ações quando entrei na Caixa, do qual apenas uma parte estava em situação de não se começar a cumprir as garantias fixadas nesse tipo de crédito", disse Faria de Oliveira durante a segunda comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, que decorre na Assembleia da República, em Lisboa.
Faria de Oliveira, que foi presidente entre 2008 e 2010, disse que nessa altura "a principal preocupação foi reforçar as garantias", e que "uma das lições que a crise trouxe tem que ver com a necessidade de a um todo conjunto de valores dados como garantia ter de haver precauções muito fortes".
Na sequência de uma troca de palavras com a deputada do BE Mariana Mortágua, Faria de Oliveira referiu-se aos casos de Joe Berardo e Manuel Fino, e que no caso do empresário madeirense, a avaliação de património "só aconteceu numa operação de 2011, num parecer da direção de grandes empresas", em que "foi explícito que tinha sido feita a avaliação desse senhor e só tinha sido detetada uma garagem".
"Nessa altura era considerado um passo ter sido conseguido um aval pessoal", disse Faria de Oliveira.
Sobre o financiamento a Manuel Fino para compra de ações da Cimpor, Mariana Mortágua disse, referindo-se a um documento do Banco de Portugal que a garantia partia do princípio de "recompra, vende, tem mais-valia e o amortizar crédito conta como garantia", que classificou de "impensável".
Faria de Oliveira não corroborou da versão de Mariana Mortágua, dizendo que a garantia eram as próprias ações, e considerou que o caso da Cimpor "nada tinha a ver" com o financiamento para o mesmo efeito no BCP.
De acordo com o antigo presidente do banco público, a Caixa queria contribuir "para a estabilização" da empresa, apesar de "por força das imposições da 'troika' o que se veio a verificar foi o desmembramento da Cimpor".
"Parecia-nos da maior importância salvaguardar esse ativo nacional", justificou Faria de Oliveira.
"Infelizmente não temos em Portugal muitas empresas internacionais" com a dimensão da Cimpor, à data, acrescentou.
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