Sem "alerta vermelho" sobre dívida pública, banca prevê aumento
A Associação Portuguesa de Bancos (APB) considerou esta terça-feira, no Parlamento, que não há qualquer alerta vermelho quanto à dívida pública detida pelos bancos e que é mesmo provável que aumente face ao menor risco e à rendibilidade que oferece.
© Getty Images
Economia APB
"É natural que de futuro o aumento de exposição possa continuar a ocorrer", disse o secretário-geral da APB, Norberto Rosa, na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, considerando que a alternativa seria os bancos investirem em outros ativos com pouca rendibilidade e em que "o aumento do risco é muito superior".
A diretora-geral da APB, Catarina Cardoso, explicou, por seu lado, que os bancos são obrigados a ter ativos de elevada qualidade, em que se inclui dinheiro ('cash'), depósitos no banco central e dívida soberana em moeda do país, pelo que perante a excessiva liquidez (uma vez que têm recebido muito mais depósitos do que os que transformam em crédito) e o preço cobrado para terem depósitos no Banco Central Europeu escolhem investir parte importante em dívida soberana.
"Não estão a reduzir a sua exposição e não o vão conseguir fazer, sobre pena de penalizar a rendibilidade", disse.
Ainda assim, acrescentou, a dívida de Portugal representa 65% da dívida pública detida pelos bancos que operam em Portugal, abaixo da proporção de vários países europeus (como Espanha ou França).
Norberto Rosa disse ainda que se tem assistido a um movimento de grandes empresas multinacionais ou investidores estrangeiros a "virem fazer depósitos nos bancos nacionais" perante o facto de haver países em que os bancos praticam taxas de juro negativas (ou seja, cobram aos clientes para aceitarem depósitos), o que em Portugal é proibido, levando a um excesso de liquidez que os bancos têm de aplicar.
O responsável considerou importante acompanhar a situação da elevada dívida pública detida pelos bancos, mas afirmou "que não existe um alerta vermelho".
O Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal (BdP), divulgado em junho, considerou que uma das fragilidades do sistema financeiro português é a "elevada exposição" a "títulos de dívida pública soberana", o que faz com que fique "particularmente sensível a reavaliações dos prémios de risco nos mercados financeiros internacionais".
A dívida pública representava em 2018 cerca de 12% do ativo total detido pelos bancos portugueses, sendo que a dívida portuguesa representava 9% do ativo, acima do valor que tinham no final de 2008.
Desde 2011, o sistema bancário português aumentou também a sua exposição a títulos de dívida pública de outros países da área do euro, nomeadamente Espanha e Itália, segundo o relatório de estabilidade financeira do Banco de Portugal.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com