"Continuam-se a vender muitas casas em Portugal", referiu o responsável, remetendo para os dados do Instituto Nacional de Estatística relativos ao primeiro trimestre, que apontam um crescimento de 8% na venda de casas, acrescentando que a construção nova ganhou terreno em relação à reabilitação de edifícios, com tendência a continuar.
"No primeiro semestre foram licenciados 904 novos projetos, em Lisboa, de reabilitação e construção nova, mais 7% [do que no período homólogo do ano passado], mas neste semestre há uma maior predominância de construção nova, mais 11%, e em reabilitação menos 6%", esclareceu Pedro Lancastre.
A nova lei do arrendamento, que protege inquilinos idosos ou deficientes de despejos, a demora das câmaras a aprovar os projetos e o aumento dos custos de construção para reabilitar são as razões apontadas pela JLL para um menor interesse por este tipo de imóveis.
Quanto aos valores das casas, o diretor-geral da consultora imobiliária referiu uma "suavização do aumento dos preços", cujo aumento está agora a notar-se mais nas zonas fora dos grandes centros.
Nas grandes cidades, "pode-se dizer que os preços estão a estabilizar", afirmou.
Relativamente ao imobiliário comercial, como escritórios, centros comerciais e hotéis, a JLL também assinalou um semestre forte, com cerca de mil milhões de euros em imóveis transacionados.
"Foi menos cerca de 29% [de imobiliário comercial transacionado] do que no ano passado, não obstante, estamos ainda num patamar muito alto para o semestre e as nossas perspetivas para o segundo semestre são muito animadoras", acrescentou o responsável, considerando possível chegar aos três mil milhões de euros transacionados até ao final do ano, em Portugal.
Ainda em relação ao imobiliário comercial, a JLL, que esteve envolvida em 63% do volume total das transações neste segmento, aponta que 87% do volume total transacionado foi feito com capital estrangeiro, proveniente, principalmente, dos Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra.
Outro dado salientado é a ocupação de escritórios, que aumentou 16% em Lisboa, causando um problema de falta de espaços, face à procura, que, segundo Pedro Lancastre, continua a aumentar.
"Há muita procura [de escritórios] por multinacionais que, se não tiverem o espaço que procuram, arriscam-se a ir para outros países", esclareceu o responsável.
O primeiro semestre do ano também se destacou pelo "forte dinamismo" na transação de hotéis, antecipando a JLL que este ano se vai "bater o recorde" nesta área de negócio.
Para a consultora, não existe uma "bolha" no imobiliário, uma vez que, apesar de ter sido registado um aumento de 16% no crédito à habitação, há mais amortizações do que novo crédito concedido, com um novo máximo de 4,2 mil milhões de euros amortizados no crédito à habitação em 2018.
Para o resto do ano, a JLL espera resultados positivos, com o aumento do peso de novas classes de ativos alternativos, como por exemplo espaços de 'co-living' (espaços habitacionais para partilha, com áreas comuns, preço baixo e todas as despesas incluídas) e residências para estudantes.
A aprovação este ano das Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliário (SIGI), que são a versão portuguesa dos 'Real Estate Investment Trust' (REIT), são, na ótica da JLL, um mecanismo que vai também fomentar o mercado imobiliário, atraindo cada vez mais capital estrangeiro.
Quanto às contas da JLL, no primeiro semestre a faturação subiu 14%, esteve envolvida em 63% do volume transacionado em imobiliário comercial, com 12 transações realizadas, e lançou 22 novos projetos residenciais (17 em Lisboa, quatro no Porto e um na zona de Setúbal).