O primeiro dia de greve manteve-se calmo ao longo da manhã, mas à tarde o cenário alterou-se. Após indicação que os serviços mínimos não estavam integralmente a ser cumpridos em algumas zonas do país, o Governo aprovou, em sede de Conselho de Ministros, a requisição civil parcial dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas em greve.
O que vai acontecer a partir daqui? O que se sabe é que com a requisição civil os trabalhadores ficam obrigados a trabalhar, ainda que isso não signifique um regresso à normalidade, como alertou o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva.
Acompanhe, ao minuto, os desenvolvimentos mais recentes da greve:
23h30 - O ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, afirmou, esta terça-feira, que "o país não está a viver a meio gás" devido à intervenção do Governo, mas relembra que Portugal está a viver "uma situação de risco".
20h49 - O porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pardal Henriques, revelou ao início da noite que se registaram três situações de troca de combustível em descargas feitas por militares das Forças Armadas e da GNR. Isso aconteceu nos postos de abastecimento em Sesimbra, Sines e Nazaré, disse.
"Acho que o Estado devia ver os prejuízos que esta situação está a ter. O que vai acontecer nas situações que relatei é a necessidade de se esvaziarem os tanques", afirmou Pardal Henriques.
20h44 - A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) "lamenta profundamente" que 14 motoristas tenham incumprido a requisição civil e espera que "não se repita".
20h08 - Logo após os números apresentados pelo Governo, dois advogados alertaram, em declarações à agência Lusa, que a lei não prevê qual a entidade responsável por fiscalizar e prestar informação sobre o cumprimento dos serviços mínimos, pelo que só o Governo poderá dizer de onde veio a informação.
Acontece que, "neste momento", acreditam os advogados, "o Governo estará a confiar na informação que lhe foi transmitida pelas entidades patronais, informação que deverá ser munida de prova".
19h11- Em conferência de imprensa de balanço da requisição civil, decretada ontem, o ministro Matos Fernandes, acompanhado pelo secretário de Estado da Energia, João Galamba, anunciou que hoje [terça-feira] "os números são melhores na rede REPA". Ainda que, destacou Matos Fernandes, "no Algarve houve também uma melhoria, mas ainda não é suficiente".
18h24 - A saída de camiões cisterna, na tarde de hoje, da Companhia Logística de Combustíveis (CLC), em Aveiras de Cima, no distrito de Lisboa, gerou revolta no piquete de greve ali concentrado, que insultou os motoristas que os conduziam.
"Cobardes" e "traidores" foram algumas das palavras proferidas por um grupo de trabalhadores perante a saída de alguns colegas com os camiões, no segundo dia de greve dos motoristas.
18h05 - O aeroporto de Faro tem registado um abastecimento de combustível de "forma regular", sem necessidade de "impor restrições à operação", apesar da greve dos motoristas de matérias perigosas.
"Acreditamos e apelamos a uma luta ordeira e pacífica. Não pactuaremos com atos de violência e vandalismo. Assim sendo, demarcamo-nos de qualquer forma desordeira de manifestação e de qualquer ato de vandalismo no decorrer da greve", lê-se numa carta aberta, assinada pela direção do SIMM.
17h48 - Em Peniche, os barcos estão atestados e os pescadores estão convictos de que, pelo menos até ao final da semana, não faltará gasóleo para a faina.
17h23 - A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) disse ter conhecimento de situações, nomeadamente no abastecimento à REPA, de profissionais "a trabalhar 27 horas ininterruptas, oito das quais adstritos ao transporte de matérias perigosas".
"A APG/GNR não pode deixar de denunciar a forma irresponsável como o Governo está a gerir toda esta situação, já que está a colocar em risco os profissionais da GNR bem como todos os envolvidos no processo", lê-se no comunicado emitido ao início da tarde desta terça-feira.
17h17 - Santana Lopes, líder do Aliança, deslocou a Aveiras para saber o que se passa considerando que o "Governo tem de atuar no sentido de encontrar uma solução". Não pode é, disse o político, "censurar os sindicalistas".
"Acho que é manifesto o aproveitamento político" desta greve, "o primeiro-ministro tem cavalgado esta onda para tentar mostrar que é ele [António Costa] quem resolve os problemas no país. Não fiquei surpreendido com a requisição civil" mas, sustentou Santana Lopes, deve ser "uma entidade independente a verificar se estão ou não a ser cumpridos os serviços mínimos".
"Incendiários" foi assim que o líder do Aliança se referiu ao chefe do Governo e aos ministros Pedro Nuno Santos (Infraestruturas), Vieira da Silva (Trabalho) e Matos Fernandes (Ambiente).
16h41 - CDS quebra o silêncio, criticando o Governo por considerar que "se tem desmultiplicado em números mais ou menos mediáticos". Mas, "a verdade é que parece que já está a aligeirar as culpas, ou dizendo que é uma questão puramente privada e depois diz que se a requisição civil não for cumprida, o problema não é dele, é das forças de segurança", contestou Nuno Magalhães, líder parlamentar centrista.
16h35 - O Ministério da Saúde afirma desconhecer constrangimentos no abastecimento de bens essenciais aos hospitais, como gases medicinais, lembrando que o fornecimento às unidades de saúde está garantido nos termos da resolução do Conselho de Ministros. O alerta foi lançado pela ANTRAM e agora desmentido pelo Governo.
16h00 - O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que se deslocou ao Algarve para uns dias de férias não se pronunciará "neste momento" sobre a greve e remete quaisquer observações para a nota emitida após a reunião de ontem com o primeiro-ministro. Ainda assim, adianta que "dentro de dois, três dias, uma nova reunião com o primeiro-ministro em Lisboa" e aí, "nessa altura farei uma avaliação".
15h35 - Quantos postos é que já não têm gasolina e gasóleo para vender? A esta hora, há 564 postos de abastecimento sem gasolina, 814 postos sem gasóleo e, ainda, 60 sem GPL, de acordo com os dados da plataforma 'Já Não Dá Para Abastecer', da VOST Portugal, onde é possível ir verificando a atualização contínua do cenário dos postos de abastecimento.
14H53 - Aeroporto? "Regularidade" no abastecimento, mas ainda há restrições: O abastecimento ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, está a acontecer hoje com "maior regularidade", mas ainda não permite levantar as medidas de restrição, revelou a ANA -- Aeroportos de Portugal.
13h58 - Mais complicada parece ser a situação na Marina de Vilamoura que pode ficar já hoje sem combustível para fornecer às embarcações que acolhe.
13h45 - O abastecimento de combustível ao Aeroporto de Faro a partir da estação ferroviária de Loulé está a ser garantido pelos serviços mínimos, com o transporte das cisternas por seis camiões.
O piquete de grave mantêm-se no local desde o início da paralisação mas garante que tudo está a funcionar normalmente e a "serem garantidos os serviços mínimos".
13h15 - Abastecimento a hospitais estará em risco em menos de 24 horas: O abastecimento a hospitais das zonas de Lisboa, Leiria e Coimbra "ficam, nas próximas 24 horas, seriamente comprometidos", disse hoje o advogado da associação patronal Antram à agência Lusa. André Matias de Almeida diz que os serviços mínimos foram "novamente incumpridos esta manhã na região centro" e só está garantido o abastecimento a hospitais de Lisboa, Leiria e Coimbra para cerca de mais 24 horas.
A Antram diz que "as médias dos cálculos feitos nas empresas de matérias perigosas resulta numa velocidade de circulação dos camiões conduzidos por grevistas de 40km/hora", que considera "muito abaixo de qualquer média".
12h25 - PS defende que Governo agiu com proporcionalidade: O PS considerou hoje que o Governo agiu "com proporcionalidade" ao decretar a requisição civil dos motoristas em greve apenas nos setores e regiões em que "se constata" necessidade de garantir os serviços mínimos.
12h23 - BE diz que decretar a requisição civil "a pedido dos patrões" foi um erro: A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu esta terça-feira que a requisição civil dos motoristas em greve "a pedido das entidades empregadoras é um erro" e limita o direito à greve.
12h07 - Militares já estão a conduzir camiões cisterna: Já há militares das forças armadas a conduzir camiões cisterna, de acordo com a notícia que está a ser avançada pela SIC Notícias. Perante este facto, os motoristas em greve colocaram um cartaz com a seguinte frase: "Obrigada militares, por fazerem as nossas horas extra".
Motoristas colocam cartazes a agradecer aos militares por estarem a realizar o trabalho extra. © Reprodução Twitter
11h49 - Número de postos de emergência no Algarve são "insuficientes": O presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, considera "insuficientes" os postos de abastecimento de emergência na região. Por isso, diz que este número deve ser "repensado, pelo menos para o dobro", apontou, em declarações à SIC Notícias.
"Ainda estamos a tempo de emendar e repor uma necessidade efetiva para esbater os condicionamentos que estão a existir na região", apontou Elidérico Viegas, justificando que o número de postos de emergência foi definido tendo em conta a população residente e não considerando o número de turistas.
11h34 - Quantos militares estiveram ao serviço na segunda-feira? De acordo com os números divulgados pelo Ministério da Administração Interna, na segunda-feira foram realizados transportes de combustível em 13 veículos pesados com destino às regiões de Lisboa, Setúbal, Beja e Algarve, operações que contaram com a mobilização de 26 militares da Guarda Nacional Republicana. No que diz respeito à intervenção da PSP, sete agentes asseguraram o transporte de combustível em sete veículos pesados preparados para o efeito.
11h08 - Substituir trabalhadores que cumpriram 8 horas por militares é "vergonha": Em declarações à Lusa, Pardal Henriques, considerou uma "vergonha nacional", e "um ataque violentíssimo à lei da greve", o Governo substituir motoristas que já cumpriram oito horas diárias de trabalho por militares.
10h46 - Requisição civil baseou-se em informação "distorcida": O porta-voz do sindicato que representa os motoristas de mercadoria geral disse hoje que a decisão do Governo de decretar uma requisição civil se baseou em informação distorcida e garantiu que os trabalhadores cumpriram os serviços mínimos.
10h33 - Beja é onde há menos gasóleo, Faro é onde há menos gasolina: A Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE) continua a acompanhar os volumes de combustíveis nos vários postos de abastecimento, de Norte a Sul do país, enquanto decorre o segundo dia de greve dos motoristas de matérias perigosas. Ao início da manhã, Beja era o distrito onde havia menos gasóleo e Faro onde há menos gasolina.
10h11 - Pardal Henriques vê mais problemas na parte da tarde. Greve pode "durar 10 anos": O vice-presidente do sindicato de matérias perigosas, Pedro Pardal Henriques, voltou a dizer que vê mais problemas na parte da tarde, quando os trabalhadores escalados para a manhã terminarem as oito horas de trabalho, "metade do que trabalham atualmente".
"Com esta requisição civil estas pessoas vão continuar a fazer greve, a trabalhar, a serem remunerados e isto [a greve] pode durar 10 anos", disse o advogado, em declarações aos jornalistas, em Aveiras de Cima.
"São cerca de 800 motoristas de matérias perigosas. Se eles fizerem única e exclusivamente o seu horário de trabalho não é suficiente para abastecer o pais. Estou expectante para perceber se [o Governo] vai colocar o exército [a trabalhar da parte da tarde] para furar o direito à greve", apontou.
9h25 - Na Petrogal tudo mais calmo, em Aveiras há mais autoridades - O dispositivo policial e a movimentação junto à Petrogal são mais reduzidos, contrariamente à situação em Aveiras de Cima, local onde a presença policial foi reforçada. De acordo com a TVI, a zona tem sido, inclusive, sobrevoada por helicópteros da força aérea.
9h15 - "Somos motoristas, não somos terroristas". A greve em fotos: Veja aqui as imagens da greve até ao momento.
8h36 - "Não nos passa pela cabeça que a requisição civil não seja cumprida" - O ministro Pedro Nuno Santos confessou, em entrevista à antena da TVI, que não lhe passa "pela cabeça que a requisição civil não seja cumprida". Nesse cenário, "já não é connosco, é com as forças de segurança e com a justiça", já que passa a estar em causa em crime de desobediência civil.
8h27 - Como vai funcionar a requisição civil? Esta portaria explica: A portaria que efetiva "de forma gradual e faseada" a requisição civil dos motoristas em greve visa assegurar o abastecimento da Rede de Emergência, aeroportos, postos servidos pela refinaria de Sines e unidades autónomas de gás natural. A requisição civil produz efeitos até ao dia 21 de agosto de 2019, até quando foi decretada a situação de crise energética.
8h22 - Governo posicionou camiões-cisterna militares com combustível em vários pontos do país: O Exército está a posicionou camiões-cisterna militares em locais estratégicos no país, em missão de apoio à Proteção Civil, que poderá utilizar essas reservas em caso de falhas de combustíveis durante incêndios, avança a SIC Notícias.
8h06 - Hoje há mais militares em Aveiras de Cima: No segundo dia é mais evidente a presença de autoridades policiais e militares em Aveiras de Cima, em comparação com segunda-feira, conforme relata a TVI24.
7h52 - Todos os trabalhadores estão a trabalhar, mas com "pistola apontada à cabeça": O vice-presidente e advogado do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, disse, esta terça-feira, que os serviços mínimos estão a ser cumpridos, ainda que com uma "pistola apontada à cabeça", referindo-se ao facto de ter sido aprovada a requisição civil. "Estão 100% dos trabalhadores a trabalhar", ainda que só oito horas, afirmou Pardal Henriques, em Aveiras de Cima, Lisboa, à porta da sede da CLC - Companhia Logística de Combustíveis. Ainda assim, Pardal Henriques considera que, "aos poucos, os postos de abastecimento vão ficar vazios".
7h30 - Quantos postos é que já não têm gasolina e gasóleo para vender? A esta hora, há 602 postos de abastecimento sem gasolina, 858 postos sem gasóleo e, ainda, 63 sem GPL, de acordo com os dados da plataforma 'Já Não Dá Para Abastecer', da VOST Portugal, onde é possível ir verificando a atualização contínua do cenário dos postos de abastecimento.
7h00 - Efeitos da greve vão fazer-se sentir: Vieira da Silva clarificou que a requisição civil dos motoristas em greve, decretada segunda-feira, não significa o retorno à normalidade, apenas a melhoria das condições, e avisou que o incumprimento desta medida terá consequências. "Uma greve é sempre uma greve, se não se sentissem os efeitos não seria uma greve", apontou.
[Notícia em atualização]