O representante da ANTRAM, André Matias Almeida, admitiu, este sábado, na antena da SIC, que após maratona negocial que terminou sem sucesso "em qualquer conflito primeiro as partes fazem o cessar-fogo e depois negoceiam". "Ninguém negoceia durante um conflito, foi isso que dissemos sempre, assim foi com o SIMM, assim foi com a FECTRANS e assim foi com o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas", começou por referir.
Sobre o futuro das negociações, o porta-voz referiu que vão "apelar ao Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas que não continue a greve, não continue este processo e a deixar o país em suspenso" e que em conjunto proponham "ao Governo a mediação". "A ANTRAM nunca recusou a mediação. O que a ANTRAM disse sempre foi que não poderia num processo negocial com uma espada na cabeça que era a greve", acrescentou.
"O que queremos dizer ao sindicato é que não continue a greve e venha já para a mesa das negociações. Proporemos hoje mesmo a mediação ao Governo", disse o porta-voz, para que se possam "esgrimir os argumentos negociais".
O representante dos patrões admitiu que estão criadas as condições para que ambos se juntem nas negociações após o avanço feito pelos motoristas esta sexta-feira de suspender a greve. "Depois de o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas ter dado o primeiro passo, que nós saudamos, é importante que isso fique claro, que foi suspender os efeitos da greve, aquilo que a ANTRAM fez de seguida foi apresentar uma proposta que vai além dos protocolos assinados a 7 de maio, com alguns incentivos para que se pudesse chegar a um entendimento, o que representa já um esforço".
Questionado sobre se a proposta feita ontem diferia das outras, o porta-voz admite tratar-se da "mesma proposta", pois, esclarece, "os outros sindicatos também representam motoristas de matérias perigosas". "Não podemos fazer uma discriminação entre motoristas", ressalva, referindo que a "contraproposta do sindicato é incomportável".
Em comunicado, a associação patronal indica que quer "demonstrar de uma forma ainda mais firme o seu inequívoco propósito de chegar a um acordo com todos os trabalhadores do setor e, nessa medida, mostra a sua total disponibilidade para integrar um processo de mediação junto da DGERT (Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho".
"É convicção desta associação que um processo de mediação, realizado em clima de paz, poderá conduzir à solução do problema", acrescenta a direção da ANTRAM na mesma nota.