Impasse continua. Motoristas entregam hoje novo pré-aviso de greve

A reunião que teve lugar, na terça-feira, no Ministério das Infraestruturas e Habitação terminou sem acordo entre patrões e motoristas. A voz mais audível dos trabalhadores garantiu que vem aí nova greve.

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Patrícia Martins Carvalho
21/08/2019 08:40 ‧ 21/08/2019 por Patrícia Martins Carvalho

Economia

Greve de motoristas

Depois de uma greve que durou sete dias, patrões e motoristas aceitaram sentar-se, novamente, à mesa das negociações para tentarem chegar a um acordo.

E assim, ANTRAM e SNMMP reuniram-se ontem no Ministério das Infraestruturas, em momentos distintos, com o Governo, que se disponibilizou para mediar o processo.

Porém, tudo continua na mesma. E, à partida, os motoristas vão fazer nova greve, apontando ao início de setembro. O pré-aviso deverá ser entregue ainda hoje.

O porta-voz da ANTRAM disse aos jornalistas, já de noite, que o sindicato dificultou o processo negocial: "Fomos chamados [esta noite] ao Ministério das Infraestruturas para sermos informados de que o sindicato não aceita a mediação", disse André Matias de Almeida.

O responsável acrescentou ainda que a ANTRAM havia deixado, durante a reunião da manhã com o Governo, um documento onde “abria quase tudo à mediação”. No entanto, acusou, o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) “quer impor aumentos salariais e o pagamento de horas suplementares, e isso não é um processo de mediação".

A desconvocação da greve não passou de mais um número. Não é possível conversar com quem quer ir para a mesa de negociações com condições impostas

Depois de a ANTRAM se pronunciar publicamente, foi a vez de o SNMMP falar aos jornalistas. Pedro Pardal Henriques garantiu que o sindicato apenas “pediu que os trabalhadores fossem valorizados e que recebessem pelo trabalho que fazem”.

“Não abdicamos do pagamento de horas extraordinárias", frisou, lançando ainda acusações na direção dos patrões.

Antram não quis evitar estas novas formas de luta ou uma possível greve por 50 euros

Em resposta, o ministro das Infraestruturas lamentou que a reunião tenha acabado como começou – num impasse – e atirou responsabilidades na direção do sindicato.

“Tentámos por todas as vias fazer com que as partes deixassem cair as pré-condições. Uma das partes não quis, mas, obviamente, uma mediação tem como objetivo chegar a resultados, eles não podem ser impostos antes de a mediação se iniciar", fez sobressair aos jornalistas.

Pedro Nuno Santos acrescentou ainda que "há condições através da mediação para se chegar a resultados positivos”, tal como aconteceu com a Fectrans e o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias.

Era importante que o SNMMP também fosse parte da solução. E todos temos o direito de exigir que se respeite [o processo negocial]

"O Governo continuará disponível para fazer o que está a fazer desde abril. Sabemos o impacto que este tipo de conflitos está a ter na vida de todos nós. Não tomamos o lado de nenhuma das partes neste conflito", assegurou o ministro.

Vem aí nova greve

Finda a reunião e feitas as habituais declarações aos jornalistas, Pardal Henriques foi entrevistado na antena da SIC Notícias para explicar mais detalhadamente como decorreu o processo negocial no Ministério.

Mostrando-se perentório, o porta-voz do SNMMP fez saber que, esta quarta-feira, o SNMMP vai apresentar um novo pré-aviso de greve ao trabalho suplementar, o que inclui feriados e fins de semana.

Esta paralisação, avisou o também advogado, poderá começar dentro de duas semanas e prolongar-se por um período indeterminado.

 

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