Banco de Pagamentos Internacionais quer indicadores para avaliar recessão
O Banco de Pagamentos Internacionais (BPI) sugeriu hoje que se deve avaliar o risco de recessão, não apenas através da curva de rendimentos da dívida soberana dos Estados Unidos, mas através de outros indicadores "mais heterogéneos".
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Economia Recessão
No último relatório trimestral, hoje publicado, o BPI referiu que "o comércio internacional e a política monetária foram os fatores mais determinantes para a evolução dos mercados no trimestre passado".
Neste período, os preços dos ativos de risco caíram pressionados pelo agravar das tensões comerciais e recuperaram com as medidas de expansão monetária.
"As curvas de rendimentos inverteram-se, em agosto, nas principais economias, o que em alguns casos foi tido como sendo um indicador do aumento do risco de recessão", salientou o BPI.
As taxas de juro da dívida soberana a longo prazo abaixo do rendimento das de curto prazo, surgiu novamente em agosto como um indicador que sugere uma recessão futura.
Não obstante, o BPI entende que outros indicadores refletem "um panorama mais heterogéneo".
Com a queda das taxas de juro, o volume da dívida com rendimentos negativos atingiu novos máximos.
O chefe do Departamento Monetário e Económico do BPI, Claudio Borio, explicou que "cada vez são mais os investidores que estão a pagar pelo privilégio de desfazer-se do seu dinheiro".
"Isto tinha sido impossível no momento da última grande crise financeira. Mas que o impensável se torne habitual é um tanto inquietante", comentou o responsável.
O volume de obrigações soberanas e inclusivamente empresariais, com taxas de juro negativas atingiu um novo máximo histórico de mais de 17 biliões de dólares (cerca de 15,2 biliões de euros segundo algumas estimativas, o que equivale a aproximadamente 20% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, segundo dados avançados por Claudio Borio.
Em meados de setembro, 50% das obrigações com rendimentos negativos estavam denominadas em euros, 40% em ienes e uma fração pouco significativa em dólares, assinalou o BPI.
Pelo contrário, mais de 40% das obrigações com rentabilidades positivas estavam denominadas em dólares.
A rentabilidade das obrigações do Tesouro norte-americanas, a 10 anos, caiu 80 pontos base e o diferencial em relação aos Bilhetes do Tesouro a três meses caiu para terreno negativo em maio e de novo em agosto, quando aumentaram as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China.
Os rendimentos das obrigações japonesas, no prazo de 10 anos, caíram 10 pontos base e em algumas economias avançadas as rentabilidades recuaram entre 50 e 100 pontos base, com a maioria das curvas do rendimento das obrigações das economias avançadas a estarem invertidas.
As obrigações soberanas nos Estados Unidos e no Reino Unido, contudo, oferecem rendimentos positivos, enquanto as da zona euro apresentam-se negativas.
Na Suíça, os rendimentos estão abaixo de zero para o vencimento de obrigações até 30 anos, enquanto na Alemanha e na Holanda é para prazos até 25 anos.
O mercado entende que uma curva de rendimentos invertida é um sinal de "fraqueza eminente".
Nos Estados Unidos a curva invertida do rendimento das obrigações do Tesouro antecedeu todas as recessões desse 1973, pois os investidores prognosticavam que a economia estava a enfraquecer-se e antecipavam mais estímulos monetários e taxas de juro de curto prazo mais baixas no futuro.
"Há que ser prudente na hora de interpretar os sinais da curva de rendimentos, porque a Reserva Federal tem baixado os juros e não endureceu a sua política monetária. E há outros indicadores que apontam para um panorama menos pessimista", salientou Borio.
No passado, quando a curva de rendimentos das obrigações do Tesouro norte-americano se inverteram, a política monetária era restritiva, disse aquele responsável.
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