Numa altura em que Hong Kong assinala quatro meses de protestos marcados pela violência nas ruas, os Serviços de Turismo do ex-território administrado por Portugal têm encorajado agências de viagens no sudeste asiático a lançar pacotes que incluam Macau e mais duas, três ou até quatro cidades chinesas da província de Guangdong.
A estratégia foi apontada numa resposta à Lusa pela própria Direção dos Serviços de Turismo (DST), no mesmo dia em que é conhecido o número de entradas no território durante a "semana dourada" (feriados relativos à implantação da República Popular da China).
Nos primeiros sete dias de outubro, Macau recebeu 984.996 visitantes, um aumento de 11,5% face a igual período do ano passado, segundo dados oficiais hoje divulgados, que não discriminam, contudo, o número de turistas e de excursionistas.
São estes últimos - que chegam a Macau através de um pacote muito popular entre agências chinesas e no qual Hong Kong está incluído - que mais preocupam as autoridades.
Em agosto, mês em que os protestos em Hong Kong chegaram a paralisar durante dois dias um dos mais movimentados aeroportos do mundo, as viagens em grupo para Macau registaram uma queda de 18,7%, de acordo com a DST.
Nesse mesmo mês, o número total de visitantes cresceu, mas a ritmo lento, sublinhou o mesmo organismo.
"O número total de visitantes em agosto registou um crescimento homólogo de 6,5%, o que representa uma diminuição significativa em comparação com o crescimento de 16,3% registado em julho", vincou a DST, na resposta à Lusa.
Os protestos na antiga colónia britânica são "a principal razão" identificada pela DST, que para inverter os números tem representantes no estrangeiro a contactar diferentes agências garantindo que Macau "está em pleno funcionamento".
Os novos pacotes, promovidos pela DST junto das agências de viagens asiáticas, como na Malásia e na Tailândia, contemplam Macau e as nove cidades da província chinesa de Guangdong que fazem parte do projeto da Grande Baía.
Algumas agências de viagens do mercado indiano reforçaram também a promoção de produtos para Macau, utilizando como escala cidades no sudeste asiático que têm voos diretos para o território.
Hong Kong vive há quatro meses a pior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 01 de julho de 1997, com manifestações quase diárias para denunciar a alegada erosão das liberdades, a crescente influência do Governo chinês nos assuntos da região semi-autónoma e para exigir reformas democráticas.
A transferência da soberania da antiga colónia do Reino Unido para a China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".
Tal como acontece com Macau, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.