"Nos particulares, o valor médio da taxa de juro dos novos depósitos até um ano atingiu um novo mínimo histórico de 0,10%", refere o banco central nas estatísticas hoje divulgadas.
Em julho, a taxa de juro média dos novos depósitos fixou-se em 0,12%.
Também nos depósitos de empresas, a taxa de juro média dos novos depósitos até um ano foi de 0,10%, menos dois pontos base face a julho. Neste caso, tanto em abril como em junho tinha sido de 0,09%.
Ainda segundo o Banco de Portugal, em agosto, a "taxa de juro média [dos depósitos] da área do euro apresentou, pela primeira vez, valores negativos".
Em Portugal não são permitidas taxas de juro negativas (ou seja, os bancos não podem cobrar para guardarem o dinheiro dos depositantes), ao contrário de outros países europeus.
Em julho, em audição no parlamento, o secretário-geral da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Norberto Rosa, disse que se tem assistido a um movimento de grandes empresas multinacionais ou investidores estrangeiros a "virem fazer depósitos nos bancos nacionais" devido a haver países em que os bancos praticam taxas de juro negativas, o que leva a um excesso de liquidez que os bancos têm de aplicar.
Em setembro, o Banco Central Europeu (BCE) desceu a taxa dos depósitos bancários de -0,40% para -0,50%, reforçando o valor que os bancos pagam para aí aplicar o seu excesso de liquidez (dinheiro que não emprestam), mas introduziu um sistema de dois escalões que possibilita que uma parte do excesso de liquidez do setor não pague este custo, o que deverá poupar milhões de euros aos bancos portugueses.
Já quanto aos juros cobrados pelos bancos no crédito, segundo os dados hoje conhecidos, a taxa de juro média dos novos empréstimos a empresas atingiu em agosto um novo mínimo histórico, ao fixar-se nos 2,15%, de acordo com o Banco de Portugal.
No crédito ao consumo a taxa de juro média foi de 7,02% e no crédito a outros fins de 4,27%.
Os bancos emprestaram 2.604 milhões de euros em agosto em novas operações de crédito, menos 21,4% do que em julho, mas mais 5,9% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Do valor emprestado, 975 milhões de euros destinaram-se ao crédito à habitação, o valor mais alto desde junho de 2018. Este valor representa mais 0,8% do que em julho e mais 20,4% do que em agosto de 2018.