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Banca "não tem sabido trabalhar o segmento das empresas"

O 'chairman' do Banco Montepio, Carlos Tavares, considerou hoje que "a banca não tem sabido trabalhar o segmento das empresas", falhando ao nível das exigências da capitalização e da ajuda na procura de fontes de capitais próprios.

Banca "não tem sabido trabalhar o segmento das empresas"
Notícias ao Minuto

12:06 - 17/10/19 por Lusa

Economia Carlos Tavares

"Acho que a banca não tem sabido trabalhar o segmento das empresas, porque não tem tido a exigência que devia em termos de capitalização e não tem ajudado as empresas a encontrar as fontes de capitais próprios necessárias", afirmou Carlos Tavares durante a conferência "Fábrica 2030", que decorre no Porto para assinalar o 3.º aniversário do ECO e o 30.º aniversário da Fundação de Serralves.

Como resultado, disse, "a mediana da autonomia financeira [das empresas em Portugal] anda à volta dos 30% e 25% das empresas tem uma autonomia financeira igual ou inferior a 5%".

Defendendo como "necessário" um "acompanhamento dos bancos às PME [pequenas e médias empresas] para que encontrem parceiros e capital", o presidente não executivo do Banco Montepio apontou como exemplo do que a banca privada pode fazer a preparação do acesso ao mercado por parte das empresas.

"Não quer dizer que todas as empresas devam agora ir para o mercado, mas pode haver um acesso coletivo ao mercado de capitais, em que as empresas se reúnem num fundo e são colocadas no mercado", avançou.

Para Carlos Tavares, "isto não é concorrência, mas complementaridade com os bancos" e "pode evitar muitas surpresas desagradáveis como as que houve durante a crise, em que muitas boas empresas não resistiram".

Na sua intervenção, Carlos Tavares destacou ainda que, "na indústria, o tamanho conta", assegurando que "não é possível a uma pequena empresa concorrer com as grandes empresas, mesmo no mercado interno".

Neste sentido, apontou como "necessária uma consolidação do muito atomizado tecido empresarial" português, mas também o surgimento de "mais empresas e de investimento direto estrangeiro".

Relativamente à política fiscal para as empresas em Portugal, o 'chairman' do Banco Montepio considerou que "o sinal que se está a dar é que devemos ter empresas pequenas, porque as grandes são penalizadas fiscalmente", numa "distorção que devia ser eliminada", e lamentou ainda que a questão da dupla tributação económica tenha sido "aparentemente esquecida".

Sobre a atuação da banca, Carlos Tavares disse ainda ter-se criado "um excesso de liquidez que incentiva a correr riscos e contrair a crédito", viabilizando "investimentos de baixa qualidade", e avisou que "já há sinais de que alguns erros do início do milénio se podem estar a repetir".

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