Previsão de Angola sair da recessão em 2020 "é irrealista"
A consultora Economist Intelligence Unit (EIU) considerou hoje que a previsão de recessão em Angola este ano mostra "as dificuldades que a economia enfrenta", e que a estimativa de crescimento de 1,8% para 2020 "é irrealista".
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"Esta última modificação mostra as dificuldades que a economia enfrenta, tendo sido fortemente atingida por uma combinação dos preços baixos do petróleo e uma redução nos volumes de produção por causa da maturação dos campos e de questões técnicas", escrevem os analistas da revista britânica 'The Economist'.
Na nota sobre a revisão do cenário macroeconómico que consta no Programa Macroeconómico Executivo, apresentado a líderes empresariais, e a que a Lusa teve acesso, os peritos da Economist escrevem que "dado o nível de produção de petróleo e a previsão de que os preços fiquem abaixo dos 70 dólares por barril até 2022, a projeção de crescimento do Governo de 1,8% para 2020 é irrealista".
A EIU, de resto, prevê mais uma recessão económica, de 1,8%, para o próximo ano, antecipando que em 2021 Angola regresse ao crescimento, alicerçado "num setor privado mais forte, que nessa altura já deverá estar a sentir os benefícios da nova legislação para melhorar o ambiente operacional, promover a concorrência e tornar o país mais amigo dos investidores".
Na nota enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Economist lembram ainda que o Orçamento original para 2019 previa um crescimento de 2,8% já este ano, e que entretanto foi revisto para 0,4% em maio, e apontam ainda a previsão de contração do setor petrolífero de 6,1% este ano, que se segue a recuos de 9,7% em 2018 e 5,2% em 2017.
A previsão de recessão económica neste ano foi assumida pelo Ministério das Finanças numa apresentação aos líderes empresariais feita há duas semanas, e a que a Lusa teve acesso.
Segundo os dados, que poderão sofrer alterações até à entrega do documento à Assembleia Nacional, que terá de acontecer até 30 de outubro, o próximo ano ficará marcado pelo crescimento positivo do setor petrolífero, que está em território negativo pelo menos desde 2017, tendo registado evoluções negativas de 5,2% em 2017 e de 9,5% no ano passado.
As Finanças esperam que o preço do petróleo fique nos 68,76 dólares por barril este ano e que desça para 65,73 em 2020, mas o objetivo governamental mantém-se: tirar a economia da recessão em que está desde 2016.
O Orçamento Geral do Estado (OGE) de Angola para 2020 contempla um acréscimo de 5,5 biliões de kwanzas (10,4 milhões de euros) face ao orçamento deste ano, que foi revisto em junho, num total de quase 15,9 biliões de kwanzas.
A proposta do OGE, que será entregue à Assembleia Nacional até quarta-feira, foi analisada no último Conselho de Ministros que decorreu na sexta-feira, segundo um comunicado de imprensa.
O OGE para 2020 comporta receitas estimadas em 15,87 biliões de kwanzas (29,9 mil milhões de euros) e despesas em igual montante no mesmo período, num cenário que antecipa um crescimento de 1,8% do PIB, com ênfase o setor petrolífero.
No setor produtivo, o destaque vai para a agricultura e a indústria e no setor social, para a educação, saúde e combate à pobreza.
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