Regiões periféricas pedem que Bruxelas "não desvie" fundos para ambiente
A Conferência das Regiões Periféricas e Marítimas da Europa (CRPM), presidida atualmente pelo português Vasco Cordeiro, pediu hoje que a Comissão Europeia "não desvie" verbas destinadas à coesão para a transição verde nem crie "burocracia adicional" aos Estados-membros.
© Reuters
Economia fundos
"A CRPM congratula-se com o compromisso da Comissão Europeia em ter uma agenda climática ambiciosa, integrando o clima nas políticas da UE e envolvendo todos os níveis de governança como parte do Pacto Ecológico Europeu, mas essa ambição não deve levar a um desvio de financiamento", vinca esta entidade em comunicado.
Reagindo à apresentação, feita na terça-feira, do chamado Fundo de Transição Justa -- destinado a criar uma economia competitiva e que trave as alterações climáticas, passando, por exemplo, pela reconversão da indústria de produção de energia com base em combustíveis fósseis --, esta entidade vinca que o novo mecanismo deve antes "ser um acrescento aos objetivos e recursos da política de coesão a fim de enfrentar totalmente os desafios da transição verde".
Na nota, a CRPM pede, também, que o executivo comunitário preste "atenção à distribuição destas verbas a nível nacional, garantindo uma distribuição territorialmente equilibrada".
A organização solicita ainda à Comissão Europeia "que garanta que a implantação do Fundo de Transição Justa não gere burocracia adicional, complicando as negociações em curso dos regulamentos e programas referentes à política de coesão e causando atrasos na implantação do quadro financeiro 2021-2027".
Citado na nota, o presidente do Governo Regional dos Açores e também atual líder da assembleia-geral da CRPM, Vasco Cordeiro, sublinha que a criação deste novo fundo "não pode justificar novos cortes no envelope da política de coesão", numa altura em que se discute o próximo orçamento da UE a longo prazo.
"A preservação de um orçamento da UE ambicioso e de verbas reforçadas para a política de coesão deve continuar a ser a principal prioridade para apoiar a ação climática a nível territorial", adianta Vasco Cordeiro.
Na terça-feira, a comissária europeia portuguesa com a pasta da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, defendeu no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o "seu" Fundo de Transição Justa, no valor de 7,5 mil milhões de euros, para ajudar à descarbonização de regiões especialmente dependentes dos combustíveis fósseis.
Até ao momento, a Comissão Europeia não revelou a chave de repartição daquele montante pelos 27 Estados-membros, mas fontes europeias adiantaram à agência Lusa que o valor alocado aos projetos portugueses nesta área deverá andar entre 75 e 80 milhões de euros (aproximadamente 1%).
Elisa Ferreira, que é uma das responsáveis diretas pela execução deste fundo, explicou na terça-feira aos jornalistas portugueses que em causa está "dinheiro novo" e não verbas provenientes de outras rubricas orçamentais.
O Fundo de Transição Justa só poderá ser utilizado pelos países de forma combinada com os fundos da Coesão (desenvolvimento regional e social europeu), além do cofinanciamento nacional para cada projeto candidato.
O novo instrumento faz parte do Plano de Investimento para uma Europa Sustentável.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com