Foram mais de 715 mil ficheiros analisados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e que ajudaram a desconstruir a forma como a fortuna de Isabel dos Santos, a mulher mais rica de África, foi feita com base na exploração do seu país e de esquemas de corrupção.
A investigação que foi levada a cabo por vários órgãos de comunicação social internacionais - como o The Guardian, a BBC e pelo jornal Expresso, em Portugal - e que contou com mais de 120 jornalistas, apurou as centenas de benefícios conseguidos por Isabel dos Santos durante a presidência de José Eduardo dos Santos, seu pai.
Num dos casos expostos na enorme divulgação de dados é revelado um esquema de ocultação que começou a ser montado a seguir à filha do ex-Presidente de Angola ter sido nomeada pelo pai para liderar a petrolífera estatal - Sonangol.
Entre maio e novembro de 2017, no último terço do seu mandato à frente da Sonangol, Isabel dos Santos fez com que a petrolífera estatal angolana transferisse pelo menos 115 milhões de dólares de fundos públicos para uma conta offshore no Dubai. Revela o semanário que essa transferência foi justificada como sendo um pagamento de serviços de consultoria prestados à Sonangol, mas que "as transferências tiveram como destino uma conta bancária de uma companhia offshore, a Matter Business Solutions, controlada pelo principal advogado da empresária angolana, o português Jorge Brito Pereira, sócio da Uría Menéndez, o escritório de Proença de Carvalho".
O Luanda Leaks resultou de documentos obtidos pela PPLAAF, uma plataforma de proteção de denunciantes em África. A entidade, com sede em Paris, tem como objetivo ajudar a expor práticas criminais.
“#LuandaLeaks tells a dramatically different story about how Isabel dos Santos became Africa’s richest woman," writes @FergusShiel and @ben_hallman. Here's everything you need to know about our latest investigation: https://t.co/UkNFazKMhC
— ICIJ (@ICIJorg) January 19, 2020
Pouco depois do caso, apelidado de Luanda Leaks ser revelado, a empresária reagiu à BBC África acusando o atual governo angolano de "um ataque orquestrado (...) movido politicamente e completamente infundado". Quase de seguida através do Twitter acusou a SIC e o Expresso de "racismo" e "preconceito".
A minha “fortuna” nasceu com meu caracter,minha inteligência,educação, capacidade de trabalho, perseverança.Hoje com tristeza continuo a ver o “racismo” e “preconceito”da Sic-Expresso,fazendo recordar a era das “colônias” em que nenhum Áfricano pode valer o mesmo que um “Europeu”
— Isabel Dos Santos (@isabelaangola) January 19, 2020