"Conversarei com todos os que estejam dispostos a avançar com uma grande manifestação daqueles que trabalham", referiu Helena Rodrigues no final da terceira reunião no Ministério da Modernização do Estado e da Administração Pública sobre o processo negocial de atualização salarial em 2020, adiantado que "todos os trabalhadores têm de começar a pensar se uma greve geral não faz sentido".
Questionada sobre se equacionava uma greve geral dos trabalhadores dos sectores público e privado, a dirigente sindical afirmou estar "a apelar pelo menos a uma grande manifestação do setor público e privado. De todos aqueles que vivem do trabalho".
A Frente Sindical liderada pelo STE foi hoje a segunda estrutura sindical da função pública a ser recebida pelo secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, que avançou com uma proposta que reforça de sete para 10 euros o aumento salarial dos funcionários públicos posicionados entre os níveis 4 e 5 da Tabela Remuneratória Única (TRU), ou seja, que ganham atualmente entre 635,07 euros e 683,13 euros, respetivamente, mantendo a atualização de 0,3% para os restantes.
Sem nova resposta por parte do Governo ficaram as contrapropostas das organizações sindicais da função pública que exigiam a reposição dos 25 dias úteis de férias e um aumento do subsídio de refeição, o que levou Helena Rodrigues a afirmar que as expectativas de negociação foram "claramente" goradas nesta reunião.
"Não foi um processo negocial. De negocial teve zero e consideramos que para todos aqueles que vivem do seu salário e reforma a reposta tem de ser muito clara", referiu a dirigente sindical, sublinhando que o problema dos salários baixos afeta tanto trabalhadores do setor público como do privado.
Helena Rodrigues manifestou a sua convicção de que "o Governo não vai fazer mais nada" pelo que trabalhadores e aposentados terão de ver qual a "resposta que devem dar".
Antes, a coordenadora da Frente Comum, tinha já afirmado que esta estrutura sindical vai realizar um plenário no dia 28 de fevereiro onde se espera que sejam aprovadas formas de luta, com Ana Avoila a admitir a realização de uma greve.
Na contraproposta que trouxe para a reunião de 17 de fevereiro, a Frente Sindical liderada pelo STE defende uma atualização das remunerações e da Tabela Remuneratória Única em 2%, a atualização do subsídio de refeição para 10 euros e a reposição de três dias úteis de férias.
Esta Frente Sindical aponta ainda para uma diminuição do desconto para a ADSE, propondo que baixe dos atuais 3,5% para 2,5%, a eliminação imediata das quotas no Sistema de Avaliação de Desempenho da Administração Pública (SIADAP), bem como a integração de uma "cláusula que evite que a atualização salarial proposta venha a provocar uma diminuição do salário líquido face ao atual".