Ministros das Finanças europeus passam a falar semanalmente, pelo menos
Os ministros da Finanças europeus concordaram hoje manter contactos muito regulares, "pelo menos uma vez por semana", para discutir em conjunto respostas coordenadas ao surto de Covid-19, anunciou o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno.
© Reuters
Economia Covid-19
No final de um Eurogrupo realizado por videoconferência, e alargado aos países que não fazem parte da moeda única, para acertar a coordenação das medidas a tomar para mitigar os choques económicos provocados pelo novo coronavírus, Centeno apontou que "este é um primeiro passo, o Eurogrupo vai continuar a seguir a situação muito de perto e estará pronto para atuar rapidamente".
"Concordámos continuar o trabalho com chamadas regulares, pelo menos uma vez por semana. Vamos continuar a atuar de forma rápida e decidida face aos desenvolvimentos, à medida que estes se revelam", declarou.
Por seu turno, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, também alertou para que, face à gravidade da situação, é necessária "uma coordenação sem precedentes" e célere.
"A nossa resposta política claramente deve ser equivalente à gravidade da situação. Nós vamos 'encontrar-nos' regularmente, tal como o Mário [Centeno] disse, e deixem-me dizer algo de forma muito clara: vamos precisar de uma coordenação sem precedentes em questões orçamentais para restaurar a confiança, e para passar do medo para a confiança".
Sublinhando que a grande prioridade da Comissão continua a ser "salvar o maior número possível de vidas" e que "nada interessa mais", o comissário italiano apontou que é também necessário fazer face ao "impacto grave" que a atual crise sanitária tem e terá nas economias europeias, até porque, atrás dos dados económicos e indicadores de mercados, há vidas e postos de trabalho, apontou.
E, por essa razão, argumentou, é necessário agir prontamente e, insistiu, com um grau de coordenação sem precedentes.
"Está a ser tomada ação decisiva. Há um claro compromisso na declaração de hoje [do Eurogrupo] -- e a Comissão vai trabalhar nisto -- de adotar todas as ações políticas coordenadas e decisivas suplementares que se revelarem necessárias, incluindo medidas orçamentais, para apoiar o crescimento e o emprego", declarou.
"Estamos perante uma situação que se desenvolve de dia para dia, e é bastante claro que a nossa resposta também deve ser rápida", reforçou.
As medidas orçamentais de Bruxelas para apoiar os países europeus afetados pelas consequências económicas do novo coronavírus equivalem a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) destes Estados-membros, divulgou hoje o Eurogrupo, prometendo "os esforços necessários" para a recuperação económica.
"Já decidimos um pacote de medidas orçamentais de cerca de 1% do PIB, em média, para apoiar a economia em 2020", informa em comunicado o grupo dos ministros das Finanças da zona euro, que é presidido pelo português Mário Centeno, numa alusão às garantias de flexibilidade dadas pela Comissão Europeia e dos apoios de Bruxelas à liquidez.
Na nota divulgada após uma reunião realizada esta tarde por videoconferência, o Eurogrupo garante "acompanhar a situação muito de perto, estando em contacto permanente e coordenado para dar uma forte resposta da política económica à situação excecional", mas não dá conta de qualquer medida adicional às anunciadas nos últimos dias pelo executivo comunitário e pelo Banco Central Europeu (BCE), que avançou estímulos à estabilidade financeira.
"Os nossos compromissos refletem a nossa forte determinação em fazer o que for necessário para enfrentar os desafios atuais e restaurar a confiança, visando uma rápida recuperação" económica, assegura o Eurogrupo no comunicado.
Os ministros das Finanças da UE abordam ainda os compromissos assumidos de "providenciar mecanismos de liquidez equivalentes a pelo menos 10% do PIB, que consistem em regimes públicos de garantias e adiamentos de pagamentos de impostos".
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com quase 60 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos.
A Itália com 2.158 mortos (em 27.980 casos), a Espanha com 309 mortos (9.191 casos) e a França com 127 mortos (5.423 casos) são os países mais afetados na Europa.
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Portugal registou hoje a primeira morte, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. No país existem, até ao momento, 331 pessoas infetadas com Covid-19.
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