No final de um Eurogrupo realizado por videoconferência, e alargado aos países que não fazem parte da moeda única, para acertar a coordenação das medidas a tomar para mitigar os choques económicos provocados pelo novo coronavírus, Centeno apontou que "este é um primeiro passo, o Eurogrupo vai continuar a seguir a situação muito de perto e estará pronto para atuar rapidamente".
"Concordámos continuar o trabalho com chamadas regulares, pelo menos uma vez por semana. Vamos continuar a atuar de forma rápida e decidida face aos desenvolvimentos, à medida que estes se revelam", declarou.
Por seu turno, o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, também alertou para que, face à gravidade da situação, é necessária "uma coordenação sem precedentes" e célere.
"A nossa resposta política claramente deve ser equivalente à gravidade da situação. Nós vamos 'encontrar-nos' regularmente, tal como o Mário [Centeno] disse, e deixem-me dizer algo de forma muito clara: vamos precisar de uma coordenação sem precedentes em questões orçamentais para restaurar a confiança, e para passar do medo para a confiança".
Sublinhando que a grande prioridade da Comissão continua a ser "salvar o maior número possível de vidas" e que "nada interessa mais", o comissário italiano apontou que é também necessário fazer face ao "impacto grave" que a atual crise sanitária tem e terá nas economias europeias, até porque, atrás dos dados económicos e indicadores de mercados, há vidas e postos de trabalho, apontou.
E, por essa razão, argumentou, é necessário agir prontamente e, insistiu, com um grau de coordenação sem precedentes.
"Está a ser tomada ação decisiva. Há um claro compromisso na declaração de hoje [do Eurogrupo] -- e a Comissão vai trabalhar nisto -- de adotar todas as ações políticas coordenadas e decisivas suplementares que se revelarem necessárias, incluindo medidas orçamentais, para apoiar o crescimento e o emprego", declarou.
"Estamos perante uma situação que se desenvolve de dia para dia, e é bastante claro que a nossa resposta também deve ser rápida", reforçou.
As medidas orçamentais de Bruxelas para apoiar os países europeus afetados pelas consequências económicas do novo coronavírus equivalem a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) destes Estados-membros, divulgou hoje o Eurogrupo, prometendo "os esforços necessários" para a recuperação económica.
"Já decidimos um pacote de medidas orçamentais de cerca de 1% do PIB, em média, para apoiar a economia em 2020", informa em comunicado o grupo dos ministros das Finanças da zona euro, que é presidido pelo português Mário Centeno, numa alusão às garantias de flexibilidade dadas pela Comissão Europeia e dos apoios de Bruxelas à liquidez.
Na nota divulgada após uma reunião realizada esta tarde por videoconferência, o Eurogrupo garante "acompanhar a situação muito de perto, estando em contacto permanente e coordenado para dar uma forte resposta da política económica à situação excecional", mas não dá conta de qualquer medida adicional às anunciadas nos últimos dias pelo executivo comunitário e pelo Banco Central Europeu (BCE), que avançou estímulos à estabilidade financeira.
"Os nossos compromissos refletem a nossa forte determinação em fazer o que for necessário para enfrentar os desafios atuais e restaurar a confiança, visando uma rápida recuperação" económica, assegura o Eurogrupo no comunicado.
Os ministros das Finanças da UE abordam ainda os compromissos assumidos de "providenciar mecanismos de liquidez equivalentes a pelo menos 10% do PIB, que consistem em regimes públicos de garantias e adiamentos de pagamentos de impostos".
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou cerca de 170 mil pessoas, das quais 6.850 morreram.
Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com quase 60 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos.
A Itália com 2.158 mortos (em 27.980 casos), a Espanha com 309 mortos (9.191 casos) e a França com 127 mortos (5.423 casos) são os países mais afetados na Europa.
Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Portugal registou hoje a primeira morte, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido. No país existem, até ao momento, 331 pessoas infetadas com Covid-19.