"É muito difícil que corra bem" uma privatização parcial da CGD
A possibilidade de privatização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) deve ser discutida "sem tabus", mas uma venda parcial "dificilmente corria bem", considera o antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos João Salgueiro.
© Lusa
Economia João Salgueiro
"Há que não haver tabus nisto. É para discutir, discuta-se. Agora, os argumentos que tenho ouvido [a favor da privatização] são desastrosos", disse Salgueiro, que já presidiu à CGD, numa entrevista à Lusa.
"Ouvi dizer, tive até de ler três vezes, que era bom ter lá interesses privados para controlar a governamentalização excessiva. Isto não percebo! Nunca ouvi falar em ter interesses privados para controlar a qualidade da vida política. E se há necessidade de controlar a governamentalização, a Constituição tem mecanismos para isso", afirma.
A possibilidade de privatização parcial "é uma coisa muito difícil que corra bem", porque "haverá interesses privados que não serão do interesse do accionista maioritário". Salgueiro recorda o caso do Banco do Fomento, onde se experimentou um modelo semelhante, e "os bancos privados accionistas tinham uma estratégia diferente da que o banco devia ter".
Salgueiro também pensa que "estar a vender nesta altura não é grande ideia", porque a CGD "deve valer muito menos do que valia, para aí um quinto ou um sexto".
De qualquer forma, o conceito de o Estado ter um banco não repugna Salgueiro: "Praticamente todos os países europeus o têm."
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