No documento, do gabinete do Ministério das Infraestruturas e Habitação (MIH), a tutela revelou que, além de outras medidas já referidas e tendo a conta também a necessidade de "reajustar a oferta", a CP "procedeu aos ajustes necessários nos turnos de escala rotativos por forma a evitar roturas e, ao mesmo tempo, de modo a garantir o menor número de trabalhadores escalados em simultâneo", para fazer face à pandemia de covid-19.
O MIH indicou ainda que "foi deliberado, para evitar concentrações de trabalhadores nas salas operacionais, que os trabalhadores sem serviço não teriam de permanecer no local, mas antes deviam ficar contactáveis e disponíveis para a qualquer momento poderem ser chamados".
A CP deu ainda orientações para "dispensar prioritariamente os trabalhadores que tenham invocado fator de risco", sendo que foram "tomadas as medidas necessárias para laboração em teletrabalho de todos os trabalhadores cuja presença física não seja essencial ao serviço público prestado", lê-se no mesmo documento.
O BE tinha questionado o Governo sobre a acumulação de trabalhadores da CP nas salas sociais do Rossio, Cais do Sodré e Oriente e alertava para a circulação de comboios a "abarrotar".
A CP já tinha anunciado que iria reduzir o número de comboios de longo curso, a partir de quarta-feira, após ter registado quebras na procura de pelo menos 85% devido ao impacto da pandemia de Covid-19.
O MIH revelou hoje que no caso dos Intercidades, a quebra é de 90%.
Segundo informou a empresa no dia 24, passarão a ser realizadas 12 circulações de Alfa Pendular por dia (54% da oferta regular) e no serviço Intercidades 40 circulações por dia (69% da oferta regular).
A CP diz que em alguns comboios de longo curso houve mesmo situações sem qualquer procura.
Já quanto aos comboios urbanos, a empresa indicou que a redução média da procura é de 70%.
A CP está ainda a dar cumprimento à exigência do Governo de limitar a lotação dos transportes públicos, pelo que a venda de lugares para os comboios Alfa Pendular e Intercidades, que têm reserva, está limitada a um terço da sua capacidade.
Já nos comboios urbanos, sem reserva de lugar, a CP disse que está a fazer a "monitorização permanente das suas taxas de ocupação" para avaliar necessidades de "ajustamentos que se revelem necessários e possíveis, no contexto dos recursos humanos e materiais disponíveis".
Na semana passada, em 17 de março, a CP tinha anunciado já a redução de 350 ligações diárias para 1.050, adequando assim a oferta de viagens à procura, que então tinha recuado 60%.
Dois dias depois, em 19 de março, indicou que reforçou a linha de Sintra face à procura elevada nos primeiros comboios da manhã, tendo em conta a monitorização feita nesses comboios.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4.268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).