Luís Bastos, diretor-geral da unidade portuguesa da multinacional Mitjavila, admitiu, em declarações à Lusa, que, numa altura em que crescem os despedimentos e as suspensões temporárias de atividade devido aos efeitos da covid-19, a fábrica do distrito de Aveiro está "em contra-ciclo e a contratar".
"Aderimos ao programa Converte+ e ainda esta semana passei a efetivos 37 trabalhadores que estavam a contrato, porque acho que, enquanto ainda tivermos encomendas e pudermos continuar em atividade, é preciso proteger as pessoas", explicou o empresário.
Se na semana passada a Mitjavila foi notícia por ter doado 3.000 viseiras a instituições particulares de solidariedade social e outras entidades do concelho de Oliveira de Azeméis, agora "isso parece pouco e está a ser difícil dar resposta a todas as solicitações".
Só num camião destinado à sede do grupo em França seguiram 12.000 guarda-vistas que "estão a ser distribuídas por contentores com destino aos Estados Unidos da América, ao Canadá, a Itália e às Caraíbas".
Mas em produção está já outra encomenda de "50.000 viseiras para o mercado francês", acrescentou.
A empresa ofereceu 400 palas à Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, esta manhã doou 100 à PSP de São João da Madeira e, entretanto, está a ultimar os procedimentos burocráticos para uma venda de 15.000 ao destacamento Norte da GNR.
"Às unidades de saúde, instituições sociais e agentes da proteção civil mais próximos estamos a oferecer o material, mas, a certa altura, começou a ser incomportável suportar todo o custo das encomendas de grande quantidade e, nesses casos, cobramos só o valor da matéria-prima, sem nos pagarmos sequer da mão-de-obra", revelou Luís Bastos.
Cada viseira paga pode assim custar entre 80 cêntimos e 1,5 euros, como acontece no caso das remessas para o estrangeiro, em que a Mitjavila "também oferece o transporte internacional".
A capacidade instalada é atualmente de 4.000 palas por dia, mas a empresa está a testar um novo molde que lhe permitirá elevar essa produção para 6.000 peças diárias na próxima semana.
Entretanto, a unidade que também já produziu tendas para o Exército da Arábia Saudita continua a laborar em pleno: "Há uma equipa de 12 pessoas a trabalhar só em viseiras 24 horas por dia, sete dias por semana, e no resto da fábrica mantêm-se 170 funcionários, distribuídos por dois ou três turnos, consoante a necessidade de garantir maior distanciamento físico entre as pessoas".
O novo coronavírus responsável pela pandemia da covid-19 foi detetado na China em dezembro de 2019 e já infetou mais de 905.000 pessoas em todo o mundo, das quais mais de 46.000 morreram. Ainda nesse universo de doentes, pelo menos 176.500 recuperaram.
Em Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, o último balanço da Direção-Geral da Saúde indicava 8.251 infeções confirmadas.