O Banco de Portugal (BdP) sublinhou, esta quarta-feira, a "incerteza" que existe em torno do impacto macroeconómico da pandemia do novo coronavírus, bem como dos efeitos das medidas adotadas pelo Governo para mitigar os efeitos.
"Este vasto conjunto de respostas de política não encontra precedentes no passado recente, em termos de dimensão financeira e amplitude de atuação. No entanto, deve sublinhar-se a enorme incerteza em torno dos impactos macroeconómicos da pandemia e dos efeitos das medidas adotadas. A capacidade de mitigar os efeitos da crise económica e de promover as condições para o relançamento das economias exigirá um enorme esforço por parte das autoridades no sentido de avaliar efeitos indesejados – e de promover correções e adaptações –, mas também de reforçar políticas e antecipar novas respostas.
Um estudo do Banco de Portugal estima que sem o lay-off simplificado 17% das empresas teriam défice de liquidez ao fim de 40 dias, sendo as mais afetadas as grandes e as do setor de alojamento e restauração.
Num cenário de 40 dias, 17% das empresas passariam a défice de liquidez.
Uma percentagem que, segundo o Banco de Portugal, "seria no entanto muito superior caso as empresas não usassem as suas reservas de liquidez disponíveis sob a forma de caixa, depósitos ou linhas de crédito".
Já incluindo a medida de 'lay-off', o estudo estima que seriam 56% as empresas que nunca teriam défice (face às 40% da simulação anterior) e que num cenário de 40 dias desceriam para 12% as empresas que ficariam com défice de liquidez, o que diz o Banco de Portugal é "um valor em linha com aquele que era observado antes da pandemia".
As empresas mais afetadas pela quebra da atividade são as grandes empresas, com 18% de défice de liquidez (ou seja, sem capacidade de pagar os custos fixos) no cenário sem medida de 'lay-off', um valor que desce para 5% no cenário que inclui 'lay-off'.
Já nas microempresas, em 40 dias, 17% ficariam sem liquidez sem medida de 'lay-off' e 12% mesmo após o 'lay -off'.