"O setor hoteleiro é um dos mais expostos à crise do novo coronavírus. Com a aproximação da temporada de verão, os cancelamentos ou adiamentos de viagens e eventos continuam a aumentar diariamente, enquanto permanecem as preocupações com a contaminação", indicou, em comunicado, a Fitch Ratings.
A agência de notação de risco prevê que a pandemia provoque uma queda "de mais de 60%, em 2020, na receita europeia por quarto disponível", que não deve conseguir recuperar os níveis anteriormente registados, pelo menos, até 2023, ao contrário do que aconteceu, por exemplo, com a gripe suína, com a recuperação dos hotéis em menos de dois anos.
As tarifas por quarto devem registar, em média, uma descida de 5%, uma vez que, face à procura, uma guerra de preços não iria garantir, a longo prazo, um maior proveito para os hotéis.
Por outro lado, a desvalorização dos preços tende a deteriorar a imagem e competitividade da marca, segundo a agência.
As estimativas da Fitch Ratings apontam para uma recuperação gradual a partir de 2021, mas a RevPAR vai permanecer 15% abaixo dos níveis de 2019.
Já em 2022, antes da recuperação total, a receita por quarto deverá ser inferior em 5% à totalizada em 2019.
"O desenvolvimento de uma vacina e estímulos sociais, fiscais e monetários sem precedentes devem ajudar a acelerar a procura e recuperação no setor", notou.
A análise da Fitch revelou ainda que o turismo doméstico está entre as preferências dos viajantes para 2020, prevendo-se que o turismo rural e, sobretudo, o regional equilibrem a queda observada nas chegadas internacionais.
Já no que se refere à acomodação, a agência acredita que os turistas vão preferir alugueres privados e estabelecimentos ao ar livre, como parques de campismo, dada a possibilidade de assegurar a distância social, mitigando o risco de contágio pela covid-19.
Os grandes grupos vão ter mais recursos para garantir a limpeza das instalações e disponibilizar opções de isolamento social.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 416 mil mortos e infetou mais de 7,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.504 pessoas das 35.910 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.