António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), lamentou novamente, esta quarta-feira, que o Governo não tenha estendido o lay-off simplificado até ao final do ano.
Em declarações aos jornalistas em Belém, após ter estado reunido com o Presidente da República, o responsável reiterou que o novo apoio à retoma da economia, divulgado esta semana, vem introduzir ruído e mais burocracia às empresas.
"Num momento em que a rapidez é um fator determinante para combatermos o desemprego, essa rapidez não se coincide com estes novos processos, estas novas exigências de formulários", justificou.
Sublinhando que, neste momento, é fundamental "acautelar o futuro", António Saraiva recordou que o lay-off simplificado "visava precisamente esse objetivo", ao tentar preservar "o mais possível" postos de trabalho. Posto isto, o presidente da CIP deixou um alerta ao Executivo de António Costa: "O Governo ao não querer estende-lo [lay-off simplificado] até ao final do ano, como era o nosso objetivo, retirará daí as inevitáveis consequências que daí advirão".
"Não vamos ser cínicos e dizer que mesmo com o lay-off simplificado até ao final do ano, o desemprego não iria aumentar, lamentavelmente, pela situação que atravessamos, sabemos que o desemprego vai aumentar", salvaguardou.
Ainda assim, António Saraiva denotou que têm de ser "tomadas medidas para minorar esse mesmo desemprego", sendo que estas devem-se focar em "dar condições às empresas para que elas, por mote próprio", consigam salvar os seus negócios, "se reinventar" com novos produtos e novas formas de comercialização, "tanto no mercado interno como nas exportações".
"Obviamente, que esse caminho só pode ser feito pelas empresas. Mas, as empresas precisam de ajuda e de ter aqui algum tempo para ultrapassarem esta dificuldade e encontrarem novos caminhos. Esta ajuda que temos pedido", apontou.
Não deixando de enfatizar que todas as medidas que o Governo tem lançado são "bem-vindas", o responsável referiu também que outra medida que a CIP vai continuar a exigir é "a modelação de horários". Ou seja, que "o banco de horas individual se mantenha".
Ainda em conferência de imprensa, António Saraiva argumentou que esta matéria é uma prioridade para a CIP, "não porque isso seja uma questão de luta entre partes, patronato de um lado e sindicatos de outro, mas porque a situação económica exige a necessidade de se modularem os horários", sobretudo devido ao teletrabalho e às novas condições laborais.
Sobre, concretamente, a reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da CIP adiantou que manifestou ao Chefe de Estado "apreensão" relativamente ao futuro. "Transmitimos ao senhor Presidente da República a nossa apreensão pelo próximo futuro. A economia portuguesa está a viver, como sabemos, um momento extraordinário, como o mundo o está a viver. São necessárias respostas igualmente extraordinárias", disse.
O presidente da CIP anunciou ainda que vai apresentar, em setembro, um estudo que demonstra que "a carga fiscal que hoje incide sobre todos os setores de atividade é brutal", e que irá apresentar propostas nesse âmbito do Orçamento do Estado para 2021.