Novo apoio à retoma vem "introduzir ruído e mais burocracia" às empresas

António Saraiva afirmou também que o Governo deve estar preparado para lidar com as "inevitáveis consequências" que irão advir do facto de não ter estendido o lay-off simplificado até ao final do ano. O responsável adiantou ainda que manifestou a Marcelo Rebelo de Sousa alguma "apreensão" quanto ao futuro.

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Mafalda Tello Silva
29/07/2020 15:40 ‧ 29/07/2020 por Mafalda Tello Silva

Economia

CIP

António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), lamentou novamente, esta quarta-feira, que o Governo não tenha estendido o lay-off simplificado até ao final do ano. 

Em declarações aos jornalistas em Belém, após ter estado reunido com o Presidente da República, o responsável reiterou que o novo apoio à retoma da economia, divulgado esta semana, vem introduzir ruído e mais burocracia às empresas.

"Num momento em que a rapidez é um fator determinante para combatermos o desemprego, essa rapidez não se coincide com estes novos processos, estas novas exigências de formulários", justificou. 

Sublinhando que, neste momento, é fundamental "acautelar o futuro", António Saraiva  recordou que o lay-off simplificado "visava precisamente esse objetivo", ao tentar preservar "o mais possível" postos de trabalho. Posto isto, o presidente da CIP deixou um alerta ao Executivo de António Costa: "O Governo ao não querer estende-lo [lay-off simplificado] até ao final do ano, como era o nosso objetivo, retirará daí as inevitáveis consequências que daí advirão".

"Não vamos ser cínicos e dizer que mesmo com o lay-off simplificado até ao final do ano, o desemprego não iria aumentar, lamentavelmente, pela situação que atravessamos, sabemos que o desemprego vai aumentar", salvaguardou. 

Ainda assim, António Saraiva denotou que têm de ser "tomadas medidas para minorar esse mesmo desemprego", sendo que estas devem-se focar em "dar condições às empresas para que elas, por mote próprio", consigam salvar os seus negócios, "se reinventar" com novos produtos e novas formas de comercialização, "tanto no mercado interno como nas exportações". 

"Obviamente, que esse caminho só pode ser feito pelas empresas. Mas, as empresas precisam de ajuda e de ter aqui algum tempo para ultrapassarem esta dificuldade e encontrarem novos caminhos. Esta ajuda que temos pedido", apontou. 

Não deixando de enfatizar que todas as medidas que o Governo tem lançado são "bem-vindas", o responsável referiu também que outra medida que a CIP vai continuar a exigir é "a modelação de horários". Ou seja, que "o banco de horas individual se mantenha".

Ainda em conferência de imprensa, António Saraiva argumentou que esta matéria é uma prioridade para a CIP, "não porque isso seja uma questão de luta entre partes, patronato de um lado e sindicatos de outro, mas porque a situação económica exige a necessidade de se modularem os horários", sobretudo devido ao teletrabalho e às novas condições laborais.

Sobre, concretamente, a reunião com Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da CIP adiantou que manifestou ao Chefe de Estado "apreensão" relativamente ao futuro. "Transmitimos ao senhor Presidente da República a nossa apreensão pelo próximo futuro. A economia portuguesa está a viver, como sabemos, um momento extraordinário, como o mundo o está a viver. São necessárias respostas igualmente extraordinárias", disse.

 

O presidente da CIP anunciou ainda que vai apresentar, em setembro, um estudo que demonstra que "a carga fiscal que hoje incide sobre todos os setores de atividade é brutal", e que irá apresentar propostas nesse âmbito do Orçamento do Estado para 2021.

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