Relatório não lido gera coro de críticas a ministra... e aviso de Marcelo
A entrevista que a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, deu ao Expresso, foi um tema chave deste fim de semana. O motivo? A governante admitiu não ter lido o relatório sobre o surto da Covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas, o que levou a várias críticas por parte de partidos (e não só).
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Economia Reguengos de Monsaraz
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, admitiu, este fim de semana em entrevista ao Expresso, que não leu o relatório dobre um surto da Covid-19 num lar de Reguengos de Monsaraz, onde morreram 18 pessoas. As declarações da governante motivaram várias críticas, uma das quais do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que deixou um aviso: "É preciso lê-los todos".
Na mesma entrevista, a ministra da Segurança Social admitiu que faltam funcionários nos lares, lembrando que há um programa para colmatar essa falha, mas considerou que a dimensão dos surtos de Covid-19 "não é demasiado grande em termos de proporção".
Pouco depois de a entrevista ter sido publicada, o Ministério do Trabalho esclareceu, em comunicado enviado às redações, que a ministra foi "descontextualizada de forma grave". "Retirar uma parte essencial da frase, descontextualizando-a, e dando assim a entender que o Governo não considera graves os números de mortes em lares em Portugal, é um ato grave e que, como tal, deve ser desmentido", pode ler-se. Além disso, a tutela sublinhou que continua a "acompanhar a situação nos lares".
A ministra defendeu ainda que não faz sentido falar de casos concretos de surtos em lares, e sobre a situação ocorrida em Reguengos de Monsaraz disse que está a decorrer um inquérito por parte do Ministério Público e que é preciso esperar pelas conclusões.
Marcelo deixa aviso
Pouco demorou até Marcelo Rebelo de Sousa se pronunciar sobre esta questão: "Eu li. Li vários relatórios. É preciso ver que é preciso lê-los todos", disse Marcelo Rebelo de Sousa, quando confrontado com as declarações da ministra, em declarações transmitidas pela RTP 3, no domingo.
Além disso, o Chefe de Estado sublinhou que o Ministério Público tem muito para investigar sobre o caso.
PSD chama ministra ao Parlamento, outros pedem demissão
O PSD, que no sábado indicou que vai chamar as ministras da Segurança Social e da Saúde ao Parlamento por causa do lar de Reguengos de Monsaraz, afirmou, através de comunicado, que a "desvalorização dos acontecimentos" por Ana Mendes Godinho é "inadmissível".
Já os líderes do CDS-PP e do Chega pediram a demissão da ministra do Trabalho no seguimento da referida entrevista. O dirigente democrata-cristão, Francisco Rodrigues dos Santos, declarou que "a continuidade em funções" daquela responsável pela tutela "é uma questão de saúde pública - que se mantenha em férias e dê lugar a outro". O deputado único do Chega, André Ventura, entregou no Parlamento um requerimento para que Ana Mendes Godinho dê explicações.
É no mínimo estranho e de uma enorme insensibilidade, a ministra não ter perdido 15 ou 20 minutos para ler a auditoria que a Ordem dos Médicos fez. Competia-lhe ler o documentoMinistra acusada de "insensibilidade"
O bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, disse, em entrevista à TSF, que "é no mínimo estranho e de uma enorme insensibilidade, a ministra não ter perdido 15 ou 20 minutos para ler a auditoria que a Ordem dos Médicos fez. Competia-lhe ler o documento" sobre o surto num lar de Reguengos, apontou o bastonário.
Também o comentador Luís Marques Mendes disse, no seu espaço habitual de comentário na SIC, no domingo, que as declarações da ministra revelam uma "insensibilidade enorme". "Julgo que é outro acontecimento que é lamentável. Uma ministra com a responsabilidade da área da terceira idade dizer, por exemplo, que não leu este relatório", disse Marques Mendes.
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