BAD vai envolver-se mais nas políticas públicas dos estados africanos
O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Adesina, defendeu hoje um maior envolvimento do banco na definição das políticas públicas dos estados africanos no discurso de tomada de posse para o segundo mandato.
© Lusa
Economia BAD
"Ao olharmos para o futuro, deixem-me garantir que o Banco vai desempenhar um papel maior nos diálogos de políticas públicas com os países, vamos apoiar a gestão sustentável da dívida pública, aumentar o crescimento 'verde' e acelerar a promoção de empregos para os jovens no continente", disse Akinwumi Adesina.
"Mais do que nunca, vamos expandir as parcerias - parcerias financeiras, de conhecimento, e de investimento", acrescentou o banqueiro, defendendo "parcerias fortes e inclusivas com a sociedade civil, o mundo académico e os centros de excelência académicos".
No discurso, Adesina agradeceu a votação unânime que recebeu dos 81 países membros do BAD, considerando que foi "colocado num pedestal coletivo" e prometeu renovado empenho, apresentando novas metas e áreas de intervenção do banco no seguimento dos impactos da pandemia de covid-19.
"A pandemia mudou tudo globalmente, atirou para trás o crescimento de África, que perdeu os ganhos e o crescimento económico assegurado durante a última década, e por isso a recuperação vai ser longa e desafiante", considerou Adesina.
Saúde, clima e ambiente são as áreas eleitas pelo banqueiro como chave para a reconstrução do continente, que prometeu "uma atenção acrescida no apoio às infraestruturas sanitárias de qualidade".
Sobre a organização do banco, Adesina defendeu que tem de ser "mais ágil e seletivo, para potenciar o que já está a funcionar e reforçar a sua própria capacidade humana e institucional" e elencou a instituição, pessoas, entrega e sustentabilidade como as palavras-chave do seu mandato até 2025, prometendo "construir uma instituição mais forte, fortalecer a capacidade humana, melhorar a eficácia, aprofundar a qualidade e o impacto, e manter a sustentabilidade financeira".
Akinwumi Adesina conseguiu na semana passada o apoio de todos os acionistas do banco, no final de um processo de turbulência interna devido às denúncias feitas por um conjunto anónimo de funcionários sobre a atuação do banqueiro.
Os governadores do BAD são geralmente os ministros das Finanças e da Economia ou os governadores dos bancos centrais dos 54 países africanos que são membros do BAD, a que se juntam mais 27 membros não regionais, entre os quais está Portugal, que foi representado nas reuniões pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Teresa Ribeiro.
Recentemente, Adesina foi alvo de acusações feitas por um conjunto anónimo de funcionários sobre favorecimento de familiares e atribuição de contactos.
A decisão da comissão de ética do banco, que ilibou o presidente da instituição, foi criticada pelos Estados Unidos da América, a que se juntaram depois outros membros não regionais, como os Países Baixos e o Reino Unido.
A comissão nomeou então um grupo de trabalho, do qual fazia parte a antiga Presidente da Irlanda Mary Robinson, para validar as conclusões da investigação, tendo o grupo concluído que Adesina devia ser absolvido de todas as acusações feitas pelo grupo anónimo de funcionários e que o comité de ética analisou de forma isenta o caso.
Os próximos Encontros Anuais do BAD serão realizados em Acra, a capital do Gana, de 24 a 28 de maio de 2021.
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