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Plano Costa Silva deixa o país "numa encruzilhada", diz Ferraz da Costa

A Visão Estratégica para o Plano de Recuperação 2020/2030, elaborado pelo gestor Costa Silva a pedido do Governo, não coloca Portugal num caminho que permita aproveitar as oportunidades geradas pela atual crise económica, deixando-o antes "numa encruzilhada".

Plano Costa Silva deixa o país "numa encruzilhada", diz Ferraz da Costa
Notícias ao Minuto

07:30 - 07/10/20 por Lusa

Economia Ferraz da Costa

O alerta é do presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, que em entrevista à Lusa sublinha ainda que na atual situação económica, provocada pela covid-19, o que o país precisa é de "coragem para selecionar prioridades", mas o chamado Plano Costa Silva "faz o contrário".

"É uma listagem ao metro de todos os projetos que deviam estar metidos nas gavetas e que saíram cá para fora", alerta o empresário, adiantando que não encontra no documento um esforço para fazer opções.

Pedro Ferraz da Costa lembra que Portugal não sairá desta crise "com uma estrutura económica igual à que tinha" e que uma boa saída da crise vai depender de conseguir entrar em "atividades novas".

O gestor acredita que haverá "imensas oportunidades" e lembra que "todos os países europeus se vão renovar", exemplificando que há muitas coisas que se vão deixar de fazer e que Portugal também podia "deixar de fazer", que há muitas coisas que eram feitas na China ou na Índia e cuja produção regressará à Europa, concluindo que haverá muitas coisas que se pode fazer "em Portugal para exportação para o mercado interno europeu e para fora".

"Mas não há projetos nessa área", lamenta o responsável pelo Fórum para a Competitividade, lançando novas críticas ao plano Costa Silva.

"Tem muito pouca articulação com o que possa estar a acontecer na União Europeia quando devia ser parte do projeto europeu de relançamento. E não faz sentido nenhum ter aqui um plano que não aponte para isso e que não aponte, muito especialmente, para a Espanha. O plano não aponta para nada isso", sublinha Ferraz da Costa.

Ferraz da Costa lembra ainda que a atração de investimento direto estrangeiro é "fundamental" para Portugal, mas também nesse ponto as opções de Costa Silva falham, defende.

"Uma economia endividada não vai poder aproveitar algumas das oportunidades por falta de recursos financeiros, mas um investidor estrangeiro traz capital. Para nós isso é fundamental se quisermos que as empresas aumentem de escala", até porque, prossegue o gestor, "essa é a maneira sustentada de ter salários mais elevados".

"E esse esforço de investimento no setor privado não é praticamente apontado", lamenta Ferraz da Costa, salientando que o plano Costa Silva "está virado para o setor público", porque "só no setor público o Governo tem a certeza de que o dinheiro se gasta".

Ferraz da Costa diz ainda que não vê que seja um problema o facto de um plano como este ter sido elaborado por apenas uma pessoa e lembra que o próprio Fórum para a Competitividade já o tinha defendido numa carta enviada ao primeiro-ministro.

"Acho é que não devia ter sido aquela pessoa", lamenta Ferraz da Costa, lembrando que Costa Silva "fala de imensas coisas, quase em termos jornalísticos, mas não com o profissionalismo e o sentido de orientação que era necessária neste momento".

A Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 servirá de base ao Plano de Recuperação e Resiliência que o Governo irá apresentar à Comissão Europeia e que deverá ser aprovado no Conselho de Ministros de 14 de outubro.

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