"[Saímos com um] sentimento de deceção não só pela não atualização salarial, que nós pedimos que fosse de 1%, realista e contida, tendo em conta que a inflação para o próximo ano se prevê que seja de 0,7%, mas também nas restantes matérias o Governo não apresentou uma calendarização para discussão", afirmou a presidente do STE, Helena Rodrigues, no final do encontro.
Helena Rodrigues admitiu, no entanto, haver "alguma luz ao fundo do túnel" nas negociações no parlamento, embora tenha defendido que "estas questões devem ser tratadas com os representantes dos trabalhadores".
"Se continuarmos a degradar as remunerações, continuamos a ter uma Administração Pública cada vez mais desmotivada", defendeu a líder sindical.
Segundo as contas do STE, os aumentos salariais aplicados este ano, de 0,3%, e a atualização em 10 euros dos salários inferiores a 700 euros tiveram um impacto na despesa com o pessoal de 95 milhões de euros brutos (sem descontar a receita para o Estado em impostos e contribuições).
Um aumento de 1%, como defende o STE, teria um impacto de 175 milhões de euros, disse Helena Rodrigues.
Após duas rondas negociais, o Governo deu hoje por concluídas as negociações com as três estruturas sindicais da função pública -- Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap), Frente Comum e Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) - sobre o OE2021, sem ter apresentado uma proposta de aumentos salariais.
O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira a proposta de Orçamento do Estado para 2021 "na generalidade", mas "ainda há alguns temas por fechar" pelo executivo, adiantou à agência Lusa fonte oficial do Governo.
De acordo com a mesma fonte, o executivo voltará a reunir-se para fechar os dossiês que estão ainda em aberto, não sendo ainda conhecida a data desse novo Conselho de Ministros.
A proposta orçamental deverá ser entregue na segunda-feira no parlamento, sendo depois votada na generalidade em 28 de outubro, estando a votação final global do documento marcada para 26 de novembro.