"Antevemos que os ativos da banca islâmica em África aumentem significativamente, refletindo o enorme potencial de crescimento do setor, a que se juntam as grandes necessidades de financiamento do continente", lê-se num comentário da Moody's ao crescimento da banca de inspiração islâmica, que aponta o Egito, Marrocos, Sudão, Senegal, Nigéria e África do Sul como os mercados com mais potencial nesta área.
Segundo o relatório, "a população islâmica está estimada em cerca de 530 milhões de pessoas este ano, representando à volta de 40% da população africana" e no norte do continente este valor sobe para 90%, sendo comparável à população muçulmana nos países do Golfo Pérsico.
"A população sem serviços bancários, em particular que escolhem ficar de fora do sistema convencional devido às suas crenças religiosas, apresenta-se como uma enorme reserva por explorar de fundos na forma de depósitos e investimentos", acrescenta-se ainda no documento, que não apresenta previsões para os países lusófonos, focando-se na maior economia da África subsaariana, a Nigéria.
"A penetração do financiamento islâmico é muito baixa na Nigéria, mas está a começar a ganhar fôlego já que as autoridades estão a tentar aumentar os serviços bancários junto da enorme população muçulmana", afirma a Moody's.
De acordo com esta agência de notação financeira, os cinco princípios que definem o financiamento islâmico são a ausência de juros, de incerteza e de ativos ilegais, como o investimento em armas, tabaco ou jogo, e a obrigação de partilha de lucro e prejuízo e, por último, a obrigação de o financiamento estar assente num bem tangível.
A emissão de títulos de dívida 'sukuk', ou títulos islâmicos, "tem aumentado na última década, com os governos a tentarem diversificar a sua base de financiamento e atrair capital dos abastados mercados financeiros islâmicos", afirma a Moody's, salientando que a emissão deste tipo de dívida foi superior a 430 milhões de dólares, quase 370 milhões de euros, em média, desde 2013.