Empresa que vai completar gasoduto Nord Stream 2 recomeça trabalhos
O navio russo que vai completar o gasoduto Nord Stream 2, que trará o gás russo para a Alemanha sob o Mar Báltico, começou hoje os trabalhos nas águas dinamarquesas desse mar, anunciou a empresa.
© Lusa
Economia Nord Stream
"[O navio] Fortuna começou os trabalhos para retomar a construção do gasoduto Nord Stream 2 em águas dinamarquesas", disse a empresa num comunicado enviado à agência francesa de notícias AFP.
Os trabalhos deste megaprojeto, orçamentado em 9 mil milhões de euros, tinham recebido autorização das autoridades dinamarquesas para serem retomados em 15 de janeiro, depois de terem estado suspensos durante quase um ano devido às sanções impostas pelos Estados Unidos da América à Rússia.
No entanto, o operador tinha dito que seria preciso uma fase "preparatória" antes do recomeço dos trabalhos, num cenário de incerteza relativamente à transição de poder nos EUA.
Na semana passada, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que não deseja abandonar o projeto germano-russo do gasoduto Nord Stream 2, a contas com sanções económicas dos Estados Unidos, adiantando que pretende falar sobre o assunto com a nova administração norte-americana.
O projeto, que trará o gás russo para a Alemanha sob o Mar Báltico, enfrenta uma oposição norte-americana quer da parte dos republicanos, liderados pelo ex-Presidente Donald Trump, quer dos democratas, do novo Presidente, Joe Biden, empossado na quarta-feira em Washington.
Washington, ainda sob a administração Trump, alegava que o Nord Stream 2 vai aumentar a dependência dos europeus do gás russo e, assim, fortalecerá a influência de Moscovo.
Denunciadas pela União Europeia (UE), Alemanha e Rússia, as sanções incluem o congelamento de bens e a revogação de vistos dos Estados Unidos para contratantes ligados ao gasoduto.
O projeto associa principalmente a gigante russa Gazprom a cinco grupos europeus: a francesa Engie, as alemãs Uniper e Wintershall, a austríaca OMV e a anglo-holandesa Shell.
O Nord Stream 2 é pertença da petrolífera estatal russa Gazprom, que conta com o investimento de várias empresas europeias.
A construção do gasoduto foi suspensa em dezembro de 2019, quando uma empresa suíça retirou os seus navios do projeto face às ameaças de sanções por parte dos Estados Unidos, o que obrigou a Gazprom a tentar suprimir a falta com os seus próprios recursos.
Merkel tem consistentemente apoiado o projeto.
"A minha atitude não mudou ao ponto de afirmar que o projeto deveria ser suspenso. Vamos, claro, falar com a nova administração norte-americana. Temos também de conversar sobre quais as relações económicas com a Rússia que são aceitáveis ou não", afirmou hoje a chanceler alemã.
A Gazprom indicou recentemente que falta concluir cerca de 6% do gasoduto, ou cerca de 150 quilómetros, insistindo na intenção de completar rapidamente o projeto, sabendo, embora, que as obras poderão ser suspensas ou caneladas.
"Há simplesmente uma sobreposição política muito mais ampla com o Presidente Biden" do que com Trump, sublinhou Merkel, lembrando as primeiras ações no novo chefe de Estado norte-americano, como os regressos dos Estados Unidos ao Acordo de Paris sobre o Clima e à Organização Mundial da Saúde (OMS).
"[As conversas com os Estados Unidos] não vão ser fáceis nem suaves. Também irão existir diferenças de opinião com a administração Biden", admitiu.
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