"A DBRS Morningstar acredita que os recursos da UE [União Europeia] podem ser particularmente importantes para as economias do sul da UE, que deverão ser quase todas beneficiários líquidos dos fundos da UE", pode ler-se numa nota hoje divulgada com o título de "O investimento público é chave para a recuperação covid-19 no sul da UE".
De acordo com a agência de notação financeira, o sul da UE "tem geralmente ficado abaixo do resto da Europa por causa de uma combinação de fraca procura e de fraquezas no lado estrutural da oferta".
"Durante anos, a despesa de capital no sul da UE foi reduzida à medida que os governos apertaram a política orçamental", lembra a DBRS Morningstar.
"As decisões dos governos sobre como alocar os recursos da UE, a qualidade dos novos projetos, e a capacidade de implementação serão fatores chave em determinar quão eficazes esses recursos são ao acelerar a recuperação e fortalecer as perspetivas de crescimento de médio prazo", pode também ler-se na nota hoje divulgada.
A agência canadiana também considera que "novos e bons projetos podem não só aumentar a procura, mas aumentar o produto potencial", e salienta que "o progresso nas reformas para acelerar a taxa de absorção dos fundos da UE, juntamente com as subvenções, é chave para a recuperação facilitar a consolidação orçamental no médio prazo".
De acordo com a visão da DBRS, a pior prestação do sul da UE face ao leste do bloco e ao centro "reflete fraquezas estruturais e baixos níveis de investimento público na sequência da crise financeira global e da crise soberana", algo agravado pela dificuldade em realizar reformas económicas num contexto de "fraco crescimento económico e espaço orçamental limitado".
"Por exemplo, Portugal e a Grécia registaram um rácio médio de investimento público face ao PIB [produto interno bruto] perto de 5% e 4%, respetivamente, de 2000 a 2008", e nos dez anos seguintes baixou "para 3,6% e 2,6% do PIB" nesses países.
A DBRS assinala que no total os Estados-membros do sul da UE devem receber a maior percentagem de subvenções dos programas de recuperação, atingindo 155 mil milhões de euros.
"A Grécia e Portugal vão beneficiar mais, ao receber subvenções que chegam aos 9% e 6% do PIB, respetivamente", refere a agência, que salienta ainda a importância de fazer reformas para absorver melhor os fundos.