Isabel Camarinha: Liderança feminina da CGTP reflete realidade sindical
Isabel Camarinha foi eleita há um ano secretária-geral da CGTP, tornando-se a primeira mulher na liderança da central, o que para a sindicalista é um reflexo do crescimento do número de mulheres no movimento sindical.
© Lusa
Economia CGTP
"O facto de eu ter sido eleita como primeira secretária-geral da CGTP foi uma opção [...], mas a ação sindical mantém-se no mesmo caminho que tem sido percorrido ao longo de 50 anos. Do ponto de vista da afirmação e de dar maior visibilidade ao aumento da participação das mulheres em cargos de maior responsabilidade [...], acho que é importante", disse Isabel Camarinha em entrevista à agência Lusa.
A sindicalista reconheceu a importância de ter sido escolhida para liderar a Intersindical "tendo em conta o número cada vez maior de mulheres no mercado de trabalho e nos sindicatos".
"Sindicalizam-se mais mulheres, são eleitas mais mulheres para delegadas sindicais ou para órgãos de sindicatos, o que significa que há um aumento da participação das mulheres na vida sindical, reflexo também da maior presença das mulheres no mercado de trabalho", afirmou Isabel Camarinha, lamentando que as mulheres ainda não estejam numa posição de igualdade, nomeadamente ao nível dos salários e das carreiras, o que "precisa de ser corrigido".
Isabel Camarinha, que tem 60 anos, foi eleita secretária-geral da Inter no XIV congresso da central que se realizou em 14 e 15 fevereiro de 2020, sucedendo a Arménio Carlos.
Nos quatro anos anteriores tinha presidido à Federação dos Sindicatos do Comércio e Serviços.
Embora já estivesse habituada ao trabalho sindical, às reuniões negociais e aos protestos de rua, Isabel Camarinha passou a ter uma agenda completamente preenchida, mesmo em tempo de pandemia.
De norte a sul do país, de Braga ao Algarve foram muitos os plenários, as concentrações ou desfiles em que esteve presente, em solidariedade para com os trabalhadores que procuravam respostas para os seus problemas.
A secretária-geral da CGTP lembrou à Lusa a situação difícil em que estão os trabalhadores da hotelaria, com quem esteve no Algarve, os trabalhadores da refinaria de Sines ou de Matosinhos, em cujas lutas pelo emprego também participou.
Também não recusou o convite dos vidreiros da Marinha Grande e participou num desfile evocativo do 18 de janeiro.
"Para os trabalhadores é muito importante contarem com a nossa participação, com a nossa solidariedade. E a CGTP está onde tem de estar, ao lado dos trabalhadores nas suas lutas e ações", explicou.
Exemplo do seu novo e atarefado quotidiano, foi o dia 10 de dezembro, em que Isabel Camarinha esteve de manhã em Leça do Balio com os trabalhadores da Super Bock, foi ao porto de Leixões ao início da tarde e ao fim da tarde esteve numa concentração com os trabalhadores do grupo Global Media, vítimas de despedimento coletivo.
Ao longo do ano passado a sindicalista participou ainda nos congressos de várias das uniões distritais da CGTP e em reuniões de órgãos e de estruturas da central, sempre com o mesmo espírito e objetivo: contribuir para melhorar as condições de vida dos trabalhadores e tomar conhecimento das realidades setoriais e distritais.
"É esse o meu objetivo, conseguir servir o melhor possível os interesses dos trabalhadores", afirmou a sindicalista.
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