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Isabel Camarinha: Pandemia parou tudo menos a CGTP

A pandemia da Covid-19 parou muita coisa no último ano mas não parou a CGTP, embora lhe tenha colocado novos desafios e alguns limites às suas ações de protesto, considerou a secretária geral da Intersindical, Isabel Camarinha.

Isabel Camarinha: Pandemia parou tudo menos a CGTP
Notícias ao Minuto

10:02 - 13/02/21 por Lusa

Economia Covid-19

"O último ano foi completamente atípico, assim que a nova direção da CGTP tomou posse surgiu quase de imediato a pandemia da Covid-19 com todos os seus condicionalismos, para os quais ninguém estava preparado, e que prejudicaram enormemente os trabalhadores, a economia e os países", disse a sindicalista em entrevista à agência Lusa.

Segundo Isabel Camarinha, a nova realidade "colocou desafios muito grandes" à direção da central sindical que teve de dar respostas imediatas aos trabalhadores, obrigando a uma grande dinamização.

"Parou tudo mas a CGTP nunca parou, apesar de ter tomado as necessárias medidas de proteção da saúde, porque tivemos de dar resposta aos problemas dos trabalhadores que surgiram na sequência da pandemia", afirmou.

Isabel Camarinha foi eleita secretária-geral a 14 de fevereiro de 2020, no último congresso da CGTP, onde foi aprovado um conjunto de reivindicações e prioridades para os quatro anos seguintes.

"Tínhamos aprovado no congresso um conjunto de prioridades para melhorar as condições de vida e de trabalho e a pandemia veio acentuar essas prioridades ,(...) tudo o que consideramos que devia ser feito ainda se tornou mais necessário, não tivemos de alterar as nossas prioridades e reivindicações. Com a pandemia e o confinamento e as medidas insuficientes e desequilibradas aprovadas pelo Governo, tudo o que considerávamos necessário ser feito ainda se tornou mais necessário", disse a líder da CGTP.

O desrespeito pelos horários de trabalho, o teletrabalho inesperado, o despedimento de trabalhadores precários, o 'lay-off' simplificado foram algumas das situações em que a CGTP e os seus sindicatos, nesta fase de pandemia, tiveram de intervir para fazer cumprir os direitos laborais face a abusos de empresas.

Ao mesmo tempo, reafirmaram as reivindicações definidas em setembro para o ano de 2021, nomeadamente a necessidade de crescimento salarial generalizado, emprego com direito e respeito pela contratação coletiva, apresentando propostas negociais às empresas e lutando por elas com os trabalhadores.

"Apesar dos constrangimentos, estão em curso muitos processos negociais e muitas negociações já terminaram com sucesso, com os trabalhadores a conseguirem aumentos salariais e melhores condições de trabalhos", referiu Isabel Camarinha.

A sindicalista lembrou que atualmente muitos milhares de trabalhadores não estão no seu local de trabalho, o que dificulta o trabalho sindical junto deles, mas mesmo assim os sindicatos não desistiram de "lutar por questões concretas".

"A atividade sindical não está suspensa porque os trabalhadores precisam de apoio", disse a secretária geral da Intersindical.

A líder da CGTP salientou que a atividade principal da central e dos seus sindicatos "é nas empresas, com os trabalhadores, a exigir melhores condições de trabalho e respeito pelos seus direitos.

"Mas os próprios trabalhadores sentem necessidade de dar também uma dimensão geral à sua luta porque muitas das suas reivindicações são comuns a muitos outros", disse justificando a promoção de ações de protesto na rua.

Mesmo com os limites relacionados com o combate à covid-19, a CGTP promoveu no ano passado uma semana de luta em junho e outra em dezembro e uma jornada nacional de luta descentralizada em setembro, além de muitas concentrações setoriais.

Isto depois de ter comemorado o 1.º de Maio como habitualmente na alameda Afonso Henriques, em Lisboa, embora apenas com umas centenas de sindicalistas, com o devido distanciamento, mas suscitando uma considerável polémica.

"Para a CGTP era impensável ficar em casa. Os problemas dos trabalhadores, a sua luta não pode ser suspensa", explicou Isabel Camarinha.

Segundo a sindicalista, o Dia do Trabalhador de 2020 ainda assumiu mais contornos de luta porque, "devido às medidas desfavoráveis

do Governo", mais de um milhão de trabalhadores estava a sofrer cortes nos salários e outros tinham perdido o emprego.

"Acabamos por ser um exemplo para muitos países", considerou a líder da CGTP.

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