Casa da Moeda tem "cultura de inovação" e deve ser exemplo

A Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) tem "uma cultura de inovação" e deve "ser um exemplo", disse à Lusa a antiga ministra Maria Manuel Leitão Marques, presidente do júri do prémio IN3+, que já selecionou os cinco finalistas.

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Lusa
19/02/2021 07:33 ‧ 19/02/2021 por Lusa

Economia

Casa da Moeda

A inovação é um dos principais eixos estratégicos da INCM, onde se inclui o prémio IN3+, que conta com um milhão de euros para projetos de investigação e desenvolvimento (I&D) e soluções inovadoras nas várias áreas de atuação da empresa.

"A inovação é um processo, é uma cultura e acho que a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, com este prémio que tem subido todos os anos o valor, e tudo o que está à volta do prémio - as parcerias que vai criando, outros serviços que vai contratando às universidades, o que vai aprendendo com elas, a comunidade que se cria entre empresa e a comunidade científica - mostra que tem uma cultura inovação", afirmou Maria Manuel Leitão Marques, conhecida como o 'rosto' do Simplex, programa de simplificação administrativa, que é presidente do júri edição 2020.

E essa cultura de inovação "é o que podemos desejar para a nossa economia e para as nossas empresas e devia ser um exemplo para outras empresas com esta dimensão", salientou a também europutada.

Nesta terceira edição do prémio de inovação IN3+, "acabámos por receber 87 candidaturas que representam um crescimento de 163%" face à edição anterior, "o que nos deu uma enorme satisfação", adiantou Maria Manuel Leitão Marques.

"O prémio foi anunciado pouco antes da pandemia nos invadir, pelo que prolongámos, por acordo do júri e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, o prazo das candidaturas" e todas as 87 candidaturas foram "muito interessantes", sendo que "muitas delas eram fortes candidatas" a vencer, prosseguiu a antiga ministra da Modernização Administrativa.

Nesta edição, destacou, houve "oito participações a nível internacional pela primeira vez" e registou-se uma "diversidade geográfica".

Reiterando que a INCM é uma "empresa inovadora", apontou que a entidade conta com 27 novos parceiros da inovação que foi construindo com os centros de investigação, em resultado das restantes edições do prémio, com quem desenvolve outros projetos.

Quanto ao anúncio dos três vencedores do prémio, Maria Manuel Leitão Marques disse que tal será feito "mal seja possível fazer a cerimónia", que espera contar com uma parte física e outra virtual.

"Já esteve marcada para janeiro, agora adiamo-la para março", referiu.

Entre os projetos finalistas está o Highlight, que propõe a criação de uma tinta oticamente variável (OVI) sem precedentes, baseada em nanoestruturas de óxido de titânio, e prevê que esta tecnologia seja rapidamente comercializável no mercado de anti-contrafação. Tem como parceira a Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT)/Universidade Nova de Lisboa (UNL).

O AICeBlock, que propõe o desenvolvimento de uma plataforma, sustentada em 'blockchain', que permita fomentar a confiança em aplicações de base em Inteligência Artificial através da sua certificação (parceiro Fraunhofer Portugal), e o sistema de pagamentos 'offline' baseado em 'blockchain' (IPN - Instituto Pedro Nunes) são outros dois finalistas.

O MOBA -- Multimodal Ocular Biometric Authentication, baseado em Inteligência Artificial para gravar, fundir e extrair três tipos de informação biométrica ocular (Fraunhofer Portugal) e o IDINA - Identidade Digital Inclusiva Não-Autoritativa, plataforma que poderá ser implementada e utilizada em países que não possuem sistemas centrais de identificação do Estado para todos os seus cidadãos (INESC TEC) são os outros dois projetos na corrida.

"Todas as ideias e projetos, de algum modo, têm a ver com a atividade da Imprensa Nacional-Casa da Moeda no presente e no futuro. Podem melhorar o presente ou ajudar" a INCM "a preparar-se para o futuro em novas áreas", salientou.

Questionada sobre a presença do género feminino nestes projetos, Maria Manuel Leitão Marques disse que alguns deles têm mulheres nas equipas de investigação.

Instada a comentar o aumento de candidaturas, afirmou: "Vejo com muitos bons olhos" este crescimento, "há nas nossas instituições científicas investigadores e investigadoras com novas ideias, práticas, que são suscetíveis de se transformar em atividade económica".

Apontou que um problema "crítico da Europa" é que esta "investe imenso em ciência, tem muito bons cientistas, tem bons resultados na sua investigação científica, mas tem falhas depois na transferência desses resultados para a atividade económica".

E, "muitas vezes esses resultados vão para outros continentes onde se transformam em emprego, em patentes, em empresas e resultados", prosseguiu a eurodeputada.

Portanto, a "boa notícia" é o crescente aumento de projetos, "temos bons cientistas que são capazes de pensar boas ideias para uma empresa que tem um leque de atividades limitado [INCM] e é capaz de dar incentivo a esses investigadores", destacou.

Leitão Marques salientou que o valor do prémio - um milhão de euros - é "elevado em termos europeus e em termos nacionais", mas mais que o prémio em si, este "puxa os cientistas de modo a inovar os seus produtos", defendendo que é preciso "ter mais empresas assim".

Agora com o Plano para a Recuperação e Resiliência (PRR) que está em discussão, "era muito bom que o dinheiro que vamos pôr nas empresas tivesse uma parte dele vinculado a parcerias para inovação com cientistas - desenharem ou pensarem em conjunto determinadas inovações -", porque caso contrário, estes investigadores ou vão embora ou o retorno do seu trabalho não será aproveitado pelo país, considerou.

Leia Também: Imprensa Nacional-Casa da Moeda vai cunhar seis moedas de coleção

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