Hotelaria vive "momento dramático" e insiste que é urgente isentar da TSU

A Associação da Hotelaria de Portugal insistiu hoje que o setor vive "um momento dramático", com cada vez mais salários em atraso, insistindo ser urgente isentar o setor das contribuições à Segurança Social (TSU) e criar linhas de crédito.

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Lusa
09/03/2021 15:03 ‧ 09/03/2021 por Lusa

Economia

Hotelaria

"Já há vários hotéis que têm salários em atraso porque não têm dinheiro para pagar a TSU", a Taxa Social Única (TSU) mensalmente descontada para a Segurança Social, afirmou a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, em declarações à Lusa.

Como existe a obrigação de ter os impostos em dia, para receber apoio, nomeadamente para salários de trabalhadores em regime de 'lay-off', Cristina Siza Vieira relata haver cada vez mais empresas a perder capacidade financeira para pagar a TSU e lembra que, não sendo paga esta taxa, a Segurança Social não paga ordenados e, no mês seguinte, retira o apoio.

A AHP diz que a situação é dramática e lembra que o problema da TSU só se colocou a partir do momento em que a hotelaria não foi encerrada por decreto do Governo, como outros setores, e que motivou a apresentação ao executivo de um plano 'SOS Hotelaria', com apoios financeiro e fiscal como a isenção da TSU durante um ano, para os trabalhadores em 'lay-off' de empresas com quebras de faturação de 75%, e a dedução do IVA nas despesas com turismo e lazer em 2021/22, no IRS liquidado nos anos seguintes.

"Há uma maior sensibilização [do Governo] para a questão da TSU, como sendo um custo insuportável para as empresas", admitiu Cristina Siza Vieira à Lusa, apesar de não ter "ainda recebido resposta" do executivo quanto ao plano apresentado e avisando que, quando chegar a retoma económica, findo o problema gerado pela pandemia da covid-19, "o turismo não estará cá" se não for agora apoiado com medidas como as sugeridas pela associação.

No ano passado, 96% dos associados da AHP aderiram ao 'lay off' simplificado, 75% ao apoio à retoma progressiva e 31% à linha de apoio à covid-19, segundo um inquérito da associação aos empreendimentos turísticos associados e aderentes.

Um outro inquérito da associação sobre balanço 2020 e perspetivas, realizado entre 04 e 28 de fevereiro e divulgado este mês, conclui que apenas 23% dos inquiridos tem reservas registadas para julho, 24% para agosto e 25% para setembro.

Quanto a perspetivas, Cristina Siza Vieira destaca que o inquérito revelou que mais de 30% dos hotéis não sabe se vai abrir este ano e a 40% dos inquiridos espera só conseguir regressar aos níveis de 2019 dentro de dois anos, a partir de 2023.

"São três anos perdidos para a hotelaria [...] e há muitas dúvidas no horizonte", afirmou a representante da AHP, lembrando ainda que, sem transporte aéreo, não há retoma de turismo em Portugal, e lamentando que o país continue com os aviões em terra, uma medida de combate à pandemia.

A pandemia provocada pela doença covid-19 provocou quase 2,6 milhões de mortos em todo o mundo, dos quais 16.565 em Portugal segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado em dezembro de 2019, em Wuhan, cidade do centro da China.

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