Depois do primeiro excedente em democracia, em 2019, Portugal voltou ao défice no ano passado. A primeira estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgada esta sexta-feira, aponta para um défice de 5,7% no final do ano passado.
"O saldo do setor das Administrações Públicas (AP) reduziu-se em 1,5 p.p. no ano terminado no 4.º trimestre de 2020 relativamente ao trimestre anterior, representando uma necessidade de financiamento de 5,7% do PIB (saldo positivo de 0,1% do PIB em 2019)", pode ler-se no relatório do INE.
O INE explica que a "deterioração do saldo das AP esteve associada às medidas de apoio à economia no contexto pandémico e à sensibilidade das finanças públicas à contração da atividade económica, nomeadamente no que se refere às receitas fiscais", pode ler-se.
A pandemia covid-19 veio alterar o cenário económico e depois de um período de melhoria das contas públicas e de um excedente de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, agora, o cenário é de regresso a défices orçamentais elevados.
As previsões divulgadas pela Comissão Europeia no final do ano passado apontavam para um saldo orçamental negativo de 7,3% do PIB, um valor igual ao inicialmente previsto pelo Governo português que já veio, no entanto, admitir que o resultado final poderá ficar mais próximo do previsto no orçamento suplementar de 2020 que era de 6,3% do PIB.
Estas previsões são mais otimistas do que a do Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê um défice de 8,4% do PIB em 2020, e do que a da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) (défice de 7,9%).
No final do terceiro trimestre de 2020 as Administrações Públicas tinham registado um défice de 4,9% do PIB, depois de este ter ficado nos 5,4% até junho.
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