Novo Banco: Imparidades e vendas de malparado determinaram perdas de 2019
As perdas do Novo Banco em 2019, que originaram o pedido de 1.037 milhões de euros ao Fundo de Resolução, deveram-se a imparidades e vendas de crédito malparado, segundo a auditoria da Deloitte consultada pela Lusa.
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Economia Deloitte
"Destaca-se o efeito no ano de 2019 de perdas em crédito de clientes e imóveis de montante relevante, resultantes da atualização do processo de determinação de imparidade/valorização", pode ler-se no sumário do relatório a que a Lusa teve acesso e que contém informação confidencial rasurada.
A Deloitte destaca "a realização de uma inspeção do supervisor que incidiu sobre NPL [crédito malparado] e ativos recuperados, da qual resultou a identificação de necessidade do reforço de imparidades".
É ainda assinalado que as perdas de 2019 também tiveram origem em "três operações de venda de carteiras, no âmbito do processo de redução de ativos não produtivos já em curso em anos anteriores, enquadrado pelas exigências regulatórias de redução a esses ativos e pelos compromissos previstos no plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia".
A Deloitte afirma que em 2019 também se destacam "perdas em fundos", cuja identificação está rasurada, "resultantes da aplicação pelo banco, pela primeira vez em 2019, de um ajustamento ao respetivo 'net asset value' [valor patrimonial líquido]".
"De referir que uma parte muito substancial das perdas registadas em 2019 resulta de ativos originados maioritariamente em período anterior à constituição do Novo Banco e que já apresentavam perdas ou desvalorizações relevantes de anos anteriores", pode ainda ler-se no documento.
Nas perdas por imparidade analisadas, que se cifraram em 369 milhões de euros, 354 foram "relativos a imparidade para crédito", e a sua maioria "já apresentava incumprimentos em anos anteriores e níveis de imparidade elevados".
"A título ilustrativo, verifica-se cerca de 203 milhões do reforço de 2019 em devedores cuja taxa de imparidade era já superior a 50% em 31 de dezembro de 2018, e cerca de 101 milhões referem-se a devedores que em 31 de dezembro de 2018 apresentavam taxas de imparidade entre 10% e 50%", pode ler-se no documento.
Já relativamente às perdas com crédito malparado, "as operações de alienação de carteiras analisadas apresentam perdas substanciais em proporção do valor líquido contabilístico dos ativos à data da venda".
A carteira que gerou maiores perdas foi a Sertorius (220,7 milhões de euros), com perdas face ao valor contabilístico de 64,8% e 64,7%, respetivamente em terrenos e imóveis industriais.
A segunda carteira que gerou a segunda maior perda foi a Nata II, no valor de 84 milhões de euros, segundo o documento.
A auditoria da Deloitte ao Novo Banco, realizada depois da injeção de capital de 2020, relativa às contas de 2019, foi recebida pelo Banco de Portugal (BdP) no dia 01 de abril.
O Novo Banco afirmou então em comunicado ter tomado conhecimento da auditoria, congratulando-se pela inexistência de "desconformidades relevantes" no seu conteúdo.
No mesmo dia, o Governo anunciou a entrega ao parlamento e ao Tribunal de Contas do relatório da auditoria, afirmando que "exigirá uma análise exaustiva por parte de todos os destinatários".
O Fundo de Resolução (FdR) divulgou, também na altura, com base na auditoria da Deloitte, que o valor injetado no banco em 2020 relativo às contas de 2019 foi inferior em 640 milhões de euros às perdas abrangidas pelo Acordo de Capitalização Contingente (ACC).
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