Banco Central do Brasil defende austeridade fiscal também na pandemia

O presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, defendeu hoje a austeridade fiscal, especialmente nas economias emergentes, como o Brasil, embora a nova pandemia de covid-19 ainda continue em força no país.

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© Reuters

Lusa
12/04/2021 21:53 ‧ 12/04/2021 por Lusa

Economia

Covid-19

 

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"Chegamos hoje a um momento, de enfrentamento da pandemia, em que é necessário enviar uma mensagem de austeridade e seriedade fiscal", disse Campos Neto, na sua intervenção na I Conferência Ibero-americana de Bancos Centrais, organizada pelo Banco da Espanha e a Secretaria Geral Ibero-americana (Segib).

O economista ressaltou que o espaço que o Brasil tem para gastos fiscais é "muito pequeno", atualmente, pelo que é "muito difícil" ter a mesma capacidade de formular políticas de suporte à crise gerada pela covid-19 que os países desenvolvidos.

O Governo do Brasil despendeu um enorme valor no ano passado com a distribuição de subsídios que chegaram a 68 milhões de brasileiros e que foram retomados este ano com quantias menores e um universo menor de beneficiados.

Esses gastos extraordinários elevaram o défice fiscal nominal do país até 14% e a dívida pública a níveis recorde acima de 90%.

Os agentes económicos estão agora preocupados com a distribuição desta nova rodada de ajudas estatais, uma vez que pode enfraquecer ainda mais as contas públicas do país e agravar a crise fiscal que o Brasil enfrenta.

"Quando se tenta um gasto adicional, a desorganização de preços que se provoca no mercado tem um impacto maior no crescimento do que o dinheiro que é colocado na economia", advogou Campos Neto.

O presidente da instituição emissora brasileira fez assim alusão às pressões inflacionárias dos últimos meses, que têm feito disparar os preços naquela que é a maior economia sul-americana, especialmente dos alimentos, e que também ocorre em outros países emergentes, como a Turquia.

A inflação no Brasil situa-se atualmente nos 6,10% interanuais, acima da meta deste ano que é de 3,75%, com uma margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais em ambos os sentidos.

O aumento da inflação fez com que o Banco Central do Brasil aumentasse a taxa básica de juros pela primeira vez desde 2015 de 2%, mínimo histórico, para 2,75% ao ano, com espaço para novos aumentos nos próximos meses, apesar da alta incidência da pandemia de covid-19.

O Brasil enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, com sucessivos recordes de infeções e óbitos associados à covid-19, que já deixa mais de 353.137 mortes no país e quase 13,5 milhões de infetados em pouco mais de um ano.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.937.355 mortos no mundo, resultantes de mais de 135,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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