"É provável que Moçambique saia da recessão durante o segundo trimestre de 2021, uma vez que o país está a passar por um abrandamento das restrições relacionadas com a covid-19", referiu num comentário ao boletim do índice PMI publicado pelo banco.
O indicador subiu pela primeira vez em abril acima do valor neutro de 50 desde fevereiro de 2020, sinalizando melhorias na atividade económica após o impacto que a covid-19 tem causado.
Mas há riscos relacionados com a violência armada.
"Os efeitos de base explicam grande parte do crescimento esperado, visto que a conjuntura ainda aponta para uma procura agregada moderada e um sentimento negativo, na sequência de uma série de ataques terroristas que originaram uma situação humanitária na província norte de Cabo Delgado e mais atrasos na implementação de projetos de gás natural liquefeito", nota Mussá.
Estas contrariedades fazem com que as previsões de crescimento a médio e longo prazo tenham sido "revistas em baixa, devido ao declínio esperado do investimento direto estrangeiro, inevitavelmente acentuado, na sequência da declaração de força maior da Total relativamente ao seu projeto".
Assim, considera "pouco provável" que "o crescimento médio do PIB exceda o crescimento populacional que se situa entre 2,5% a 3% ao ano".
"Esta diminuição das perspetivas de crescimento tem implicações macroeconómicas importantes devido às pressões fiscais associadas e às implicações sobre a balança de pagamentos", destaca.
Em resumo, os principais riscos listados para o país são os "desafios de segurança, a incerteza de resposta em termos de políticas, a covid-19 e os eventos climáticos".
Face a estes, o banco prevê que "o dólar americano e o metical encerrem o ano com um valor de aproximadamente 60,7 [meticais por dólar] no cenário 'bull' (expansionista), 65,4 no cenário de base e 70,1 no cenário 'bear' (de maior retração)".
O banco aponta para uma inflação do final do ano, no cenário base, de 7,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, com a previsão de recuperação do PIB a manter-se baixa, num crescimento anual de apenas 1,6%.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.
O ataque a Palma provocou dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
No que respeita à covid-19, Moçambique tem um total acumulado de 817 óbitos e 70.031 casos, dos quais 96% recuperados da doença e 39 internados.
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