Donos de casas do Zmar em Odemira mantêm protesto

Várias dezenas de proprietários de casas no Zmar Eco Experience, em Odemira (Beja), mantêm-se esta quarta-feira concentrados e em protesto, agora com "reforço" de funcionários, à entrada do complexo, contra a transferência de trabalhadores agrícolas para o local.

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Lusa
05/05/2021 20:11 ‧ 05/05/2021 por Lusa

País

Odemira

Junto às estruturas de madeira que assinalam a entrada do Zmar, um grupo de pessoas do complexo colocou vedações ligadas a um atrelado agrícola que já estava no local para impedir o acesso a partir do exterior.

Contudo, ao final da tarde, por breves minutos, foi desbloqueado o acesso e o comandante Territorial de Beja da GNR, coronel Altide Cruz, entrou e esteve reunido com a representante dos donos de casas em protesto, constatou a agência Lusa no local.

Esta iniciativa dos proprietários dura há quase uma semana, já que arrancou na sexta-feira, quando entrou em vigor a cerca sanitária decretada pelo Governo a duas freguesias do concelho de Odemira.

Na altura, o executivo determinou também a requisição temporária do empreendimento para a colocação de trabalhadores agrícolas que necessitem de isolamento profilático.

"Desde o primeiro momento que estamos disponíveis para conversar e a única pessoa que se dignou a vir conversar connosco e reunir, para fazer um ponto de situação foi agora o coronel Cruz", explicou aos jornalistas Alexandra Beato, porta-voz dos proprietários.

A representante dos proprietários, que não quis divulgar o teor da conversa, insistiu que o grupo está "a tentar garantir que não há invasão das casas e que a justiça acontece" e que não tenciona "desmobilizar enquanto o assunto não se resolver".

"Estamos a todo o momento a aguardar o que é que vai acontecer a seguir, mas tudo indica que" o Zmar poderá ser "a alternativa que a Câmara de Odemira encontra", disse.

Para Alexandra Beato, "o que quer que aconteça" tem de ser "feito com base numa conversação, numa negociação, no entendimento das partes e sem mentiras", porque, nos últimos dias, tem-se assistido a "uma palhaçada".

As pessoas que estão hoje na entrada do Zmar mostraram, entretanto, aos jornalistas que estão no local 200 edredons e almofadas para disponibilizar aos trabalhadores agrícolas para se instalarem no parque de feiras e exposições de São Teotónio, em vez de terem de irem para o empreendimento.

A trabalhar no Zmar desde o início do projeto, tal como o marido, Teresa Gonçalves foi uma das funcionárias que hoje se juntou ao protesto, após conseguir uma autorização para passar a cerca sanitária, tal como os colegas.

"Ninguém fala nos trabalhadores [do empreendimento], ninguém fala do que é vai acontecer com os nossos postos de trabalho e isso é preocupante", lamentou, explicando à Lusa que, desde 04 de janeiro, devido ao processo de insolvência do complexo turístico, está em casa.

O que é certo é que são dois ordenados que têm levado um "corte", o seu e o do marido: "Estávamos em 'lay-off', depois passámos para um programa de retoma e ganhávamos o ordenado mínimo" e, "agora, estávamos a ver uma luz lá no fundo do túnel e essa luz desapareceu".

A trabalhadora aludia ao plano de reestruturação do Zmar aprovado na semana passada no Tribunal de Odemira, com a reabertura do complexo agendada para 28 de maio, a manutenção de 100 postos de trabalhos e a injeção de capital por parte de um investidor.

No final da semana passada, o Governo decidiu decretar uma cerca sanitária às freguesias de São Teotónio e de Almograve, no concelho de Odemira, devido à elevada incidência de casos de covid-19, sobretudo entre trabalhadores do setor agrícola.

António Costa sublinhou que "alguma população vive em situações de insalubridade habitacional inadmissível, com hipersobrelotação das habitações", relatando situações de "risco enorme para a saúde pública, para além de uma violação gritante dos direitos humanos".

Leia Também: Júdice chama "palerma" a Eduardo Cabrita devido a situação com Zmar

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