João Gama Leão está a ser ouvido na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução e, no período de inquirição do deputado do PSD Hugo Carneiro, foi questionado sobre o pedido que fizeram da sua insolvência pessoal.
"Depois de uma novela muito triste, cedemos as cerâmicas ao banco e foi aprovado o PER [Processo Especial de Revitalização]. À partida, quem aprova um PER está a pensar na recuperação de uma empresa. O que é que acontece a seguir? O Novo Banco pede a minha insolvência pessoal", apontou.
O empresário da Prebuild, que deve mais de 300 milhões de euros ao Novo Banco, criticou este comportamento da instituição e considerou que se tratou de "um ato de má-fé".
"Ao contrário do que o doutor Stock da Cunha [antigo presidente do Novo Banco] disse aqui, que eles fizeram várias tentativas de recuperar as grandes dívidas, as tentativas que o Novo Banco fez de recuperar a minha dívida foram zero", condenou.
Para João Gama Leão, "mandar cartas para um grupo" como o seu, que é um grande devedor, e não haver a capacidade de se reunir "e tentar encontrar uma solução é no mínimo inédito".
"O meu grupo consegue uma reunião com o Novo Banco em dezembro de 2014 e sou recebido por um administrador que era Vítor Fernandes e também por Daniel Santos. O Novo Banco em momento algum se mostrou interessado em conversar sobre a Prebuild", acusou.
De acordo com o empresário, a única intenção do Novo Banco era retomar a Aleluia Cerâmicas.
"Essa reunião correu muito mal porque o doutor Vítor Fernandes teve uma postura muito agressiva, muito mal-educada, no sentido de 'ou pagas ou vais para insolvência, mas tens aqui uma alternativa que é devolver-nos as cerâmicas'", relatou.
O presidente da Prebuild garantiu que, nesse encontro, explicou a história das cerâmicas, a história do seu grupo e até convidou Vítor Fernandes a visitar o seu grupo, então com operações em três continentes.
"O doutor Stock da Cunha falou ontem que o Novo Banco tinha nove mil empregados. Eu tinha quase seis mil empregados. Não houve interesse nenhum em perceber o meu grupo. O único interesse era: queriam recuperar as cerâmicas", insistiu.
O empresário afirmou ainda que quando se passou para as negociações do PER já "o seu grupo estava na UTI [Unidade de Terapia Intensiva, a designação usada no Brasil]".
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