ONU revê em baixa crescimento de África para 3,6% este ano
A Comissão Económica das Nações Unidas reviu hoje em baixa a previsão de crescimento das economias africanas, antecipando agora uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,6%, menos duas décimas que em janeiro.
© Lusa
Economia ONU
De acordo com a atualização do relatório sobre a Situação Económica Mundial e Perspetivas, hoje divulgado em Nova Iorque, os analistas da Organização das Nações Unidas (ONU) colocam o crescimento em 3,6% este ano e 3,7% em 2022, alertando que "a pandemia de covid-19 infligiu um duro golpe nas perspetivas do desenvolvimento sustentável em África, exacerbando o desemprego, a pobreza e a desigualdade".
O relatório, na parte que respeita a África, afirma que o rendimento per capita, ou seja, o rendimento por pessoa tendo em conta o crescimento económico do país, só deverá regressar aos níveis anteriores à pandemia em 2024 e aponta que o fortalecimento das perspetivas globais, o aumento das exportações e a subida do preço das matérias-primas são fundamentais para sustentar a recuperação das economias.
A África do Sul, com 2,8% de crescimento este ano, a Nigéria, com 1,8%, e o Egito, com 1,8%, são alguns exemplos da dificuldade que as maiores economias da região estão a enfrentar para recuperar dos efeitos da pandemia.
"A perspetiva para África é ensombrada por grandes riscos descendentes", notam os analistas, exemplificando que "o progresso nas vacinas é, de longe, o mais lento no mundo, com apenas 1,2 doses administradas por cada 100 habitantes", o que significa que, por causa do ritmo lento e das novas variantes do vírus, "as novas ondas de infeção podem desencadear novos confinamentos e limitar a recuperação esperada no curto prazo".
Sobre as finanças públicas, a ONU destaca a importância de aumentar a ajuda internacional num contexto de dívida elevada e redução das receitas, e lembra que há 17 economias em 'debt distress', ou seja, com uma dívida considerada insustentável tendo em conta o crescimento económico.
"A extensão da moratória [sobre o pagamento da dívida] até dezembro, ao abrigo da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida está a dar algum apoio, mas é preciso mais alívio da dívida e mais financiamento concessional", concluem os analistas.
África registou mais 355 óbitos associados à covid-19 nas últimas 24 horas, elevando o total para 124.789 desde o início da pandemia, e mais 8.426 novas infeções, novamente superadas pelo número de recuperados, segundo os dados oficiais.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número total de infetados nos 55 Estados-membros da organização é de 4.643.529 e o de recuperados da doença nas últimas 24 horas é de 10.202, para um total de 4.200.916 desde o início da pandemia.
O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.306.037 mortos no mundo, resultantes de mais de 158,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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