O assunto foi abordado durante a reunião que o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, manteve esta tarde, na visita a Cabo Verde, com o homólogo cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, embora ambos sublinhando tratar-se de um assunto da esfera dos governos.
O Presidente de Cabo Verde reconheceu que o tema da dívida é um elemento "importante da cooperação" entre os dois países, esperando uma resolução para breve.
"Está prevista até uma reunião entre os ministros das Finanças dos dois países para se ocuparem da questão da reorientação do pagamento da dívida, que pode passar pelo perdão, total ou parcial, ou conversão também de parte significativa dessa dívida em investimentos com a participação de empresas portuguesas", disse ainda Jorge Carlos Fonseca.
Referindo-se ao mesmo assunto, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que nesta "cooperação financeira estão a ser dados passos muito importantes" para "resolver de forma satisfatória para os dois países" o que descreveu como um tema "pendente".
"Nem digo contencioso, é uma questão pendente, de uma forma que seja boa para Cabo Verde e que seja importante para Portugal (...) Também aí estão a ser dados passos importantes para uma solução que não demorará muito tempo", adiantou Marcelo Rebelo de Sousa.
Na Praia, o Presidente português reuniu-se ainda com o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, e com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, antes de regressar ao aeroporto, já depois das 17:00 locais (19:00 de Lisboa), para partir para a Guiné-Bissau, também em visita oficial.
Antes, ficou novamente a garantia com o chefe do Governo sobre uma solução para a dívida cabo-verdiana, nomeadamente os 200 milhões de euros com que Portugal financiou o programa implementado pelo Governo anterior "Casa para todos", de habitação social construída por empresas portuguesas e que deveria começar a ser paga este ano.
"Nós já andamos a trabalhar desse dossiê há algum tempo", recordou, aos jornalistas, Ulisses Correia e Silva, depois de receber Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio do Governo, reconhecendo avanços recentes nas negociações e enaltecendo o papel de Portugal, que desde 2020, devido à pandemia, concedeu uma moratória ao pagamento do serviço da dívida de Cabo Verde.
"Estamos todos interessados em avançar mais e fazer com que a liderança portuguesa também seja contagiante relativamente aos outros países e credores, porque o custo extraordinário e excecional da covid-19 para um país como Cabo Verde é enorme, não há poupanças eternas e nenhum país está preparado para fazer face a estes custos sem apoios suplementares. É isso que nós esperamos para que a nossa dívida possa entrar num nível de sustentabilidade e possa depois limpar aquilo que são custos excecionais derivados da covid-19", apontou.
Recordando a recente doação de 24.000 vacinas contra a covid-19 e a mobilização de duas equipas médicas para reforçar os hospitais do país, Ulisses Correia e Silva reconheceu que as relações com Portugal são "excelentes de todo o ponto de vista" e que a visita de Marcelo Rebelo de Sousa "abre perspetivas de um desenvolvimento ainda maior".
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