Ações de grupo de 'media' pró-democracia de Hong Kong quadruplicam
As ações da empresa que detém o jornal pró-democracia Apple Daily, em Hong Kong, quadruplicaram esta manhã, quando as transações do grupo retomaram em bolsa, após uma suspensão de oito dias.
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O maior grupo de comunicação pró-democracia de Hong Kong, o Next Digital Limited, que publica o Apple Daily e a revista online Next, suspendeu as transações em 17 de maio, depois de as autoridades de Hong Kong congelarem os bens do seu proprietário, o magnata Jimmy Lai, acusado de infringir a lei da segurança nacional.
Quando a negociação foi retomada, esta manhã, o preço das ações subiu de 0,19 dólares de Hong Kong (dois cêntimos de euro) para 0,80 (oito cêntimos), antes de cair de novo para 0,36 (quase quatro cêntimos), a meio da manhã, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
O aumento pode ser explicado pelo apoio dos residentes de Hong Kong ao jornal pró-democracia, comprando ações do grupo, e ao magnata dos 'media' Jimmy Lai, altamente crítico de Pequim.
Um fenómeno semelhante na bolsa de valores ocorreu quando Lai foi detido pela primeira vez, em agosto último.
O Apple Daily apoiou os protestos sem precedentes que abalaram o território em 2019.
Na quarta-feira, num documento anunciando a retoma das transações, o grupo Next Digital informou que cerca de 500 milhões de dólares de Hong Kong (quase 53 milhões de euros) dos ativos de Lai foram congelados, incluindo a sua participação no grupo, de 71%.
O grupo informou ainda que poderia sobreviver durante 18 meses, a partir de 01 de abril, "sem mais contribuições financeiras" de Lai.
Jimmy Lai cumpre atualmente uma pena de 14 meses de prisão pela participação nos protestos de 2019 no território, enfrentando ainda mais duas acusações.
O multimilionário é também acusado de "conluio com forças estrangeiras", alegadamente por defender sanções contra dirigentes de Pequim e de Hong Kong.
Lai é ainda acusado de "conspiração para obstrução à justiça", por alegadamente ter auxiliado Andy Li, um dos 12 ativistas de Hong Kong capturados na China em 2020, quando tentavam fugir para Taiwan, num grupo que incluía um luso-chinês.
O receio dos habitantes de Hong Kong de serem julgados na China continental, ao abrigo de um projeto de lei da extradição apresentado em 2019, desencadeou os protestos sem precedentes que abalaram o território semi-autónomo em 2019.
O projeto acabaria por ser retirado, mas Pequim aprovou em 30 de junho de 2020 uma lei da segurança nacional, com penas que podem chegar à prisão perpétua, levando vários ativistas a refugiar-se no Reino Unido e Taiwan, para onde fugiram muitos manifestantes em busca de asilo.
A lei foi criticada pela UE, Estados Unidos e a ONU, por violar o princípio "Um país, dois sistemas", acordado na transferência de Hong Kong, em 1997, garantindo à antiga colónia britânica liberdades desconhecidas no resto da China.
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