Novo Banco passa de prejuízos a lucros de 70,7 milhões no 1.º trimestre
O Novo Banco teve lucros de 70,7 milhões de euros no primeiro trimestre, na primeira vez que apresenta resultados positivos e que comparam com prejuízos de 179,1 milhões de euros do mesmo trimestre de 2020, divulgou hoje.
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A instituição considerou, nas contas divulgadas através da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que os resultados mostram a "capacidade de geração de receitas apesar do atual contexto de pandemia", após a conclusão do processo de reestruturação (em 2020).
Ainda nos primeiros três meses do ano, o banco constituiu 54,9 milhões de euros de imparidades para crédito, menos 60,5% do que no mesmo período de 2020. Do total de imparidades para crédito, 21,8 milhões de euros são imparidades para "riscos relacionados com a covid-19".
Olhando para a conta de resultados, a margem financeira cresceu 12% para 145,7 milhões de euros, mas já as comissões caíram 7,5% para 62,8 milhões de euros.
Os resultados de operações financeiras (carteira de dívida pública e de obrigações de empresas) foram de 52,8 milhões de euros (tinham sido negativos em 94,1 milhões de euros no mesmo trimestre de 2020) e os custos operativos caíram 5,1% para 102,7 milhões de euros.
Segundo o banco, a redução dos custos "reflete, para além do investimento no negócio e na transformação digital, o foco na otimização de custos conseguida com a implementação de melhorias ao nível da simplificação e otimização dos processos".
Os gastos com pessoal (que estão incluídos nos custos operativos) caíram 4,4% para 58,7 milhões de euros.
No fim de março, o grupo Novo Banco tinha 4.557 trabalhadores, menos 25 do que em dezembro passado e menos 101 do que em março de 2020 (excluindo a operação em Espanha).
A rede comercial do Novo Banco tinha 356 balcões em Portugal em março, menos dois do que em dezembro e menos 19 do que em março do ano passado.
Já no balanço, o crédito caiu 1,1% para 24.952 milhões de euros, o que o banco atribui, sobretudo, à venda de carteira de créditos (que designou de 'Projeto Wilkinson') com um valor bruto de 210,4 milhões de euros.
O rácio de crédito problemático ('NPL - non performing loans' na expressão técnica em inglês) era de 8% em fim de março, abaixo dos 8,9% em dezembro de 2020.
Já os depósitos subiram uns ligeiros 0,5% para 26.234 milhões de euros no final de março.
Quanto a indicadores de solvabilidade, em 31 de março de 2021, o rácio CET 1 era de 11,3% e o rácio de solvabilidade total situa-se em 13,3%, o que o banco diz serem "valores idênticos aos apurados no final do exercício de 2020 devido à manutenção do nível de proteção do mecanismo de capitalização contingente no decurso de 2021".
O banco indica que, tal como fez no final de 2020, tendo em conta que existe uma divergência com o Fundo de Resolução relativamente à provisão para operações descontinuadas em Espanha (166 milhões de euros), que em final de março reduziu "este valor do cálculo de capital regulamentar".
O Novo Banco diz ainda que não estar a aplicar na totalidade o regime contabilístico IFRS 9 devido à também divergência com o Fundo de Resolução nesta matéria e que se manterá no regime transitório até à decisão do tribunal arbitral (em que diz esperar decisão no último trimestre deste ano).
O Novo Banco indica que caso a decisão do tribunal arbitral seja a seu favor que o Fundo de Resolução "deverá pagar o valor correspondente ao valor que teria sido pago" ao abrigo do mecanismo de capital contigente como se o Novo Banco tivesse implementado plenamente a IFRS 9 em 31 de dezembro de 2019, até ao limite máximo permitido pelo mecanismo. Em causa estão cerca de 200 milhões de euros.
Ainda nas contas hoje divulgadas, o Novo Banco que os valores e dados referentes ao primeiro trimestre de 2020 foram reexpressos para excluir a operação em Espanha, que foi considerada 'descontinuada' no fim de 2020. Já em abril deste ano, o Novo Banco anunciou que assinou um acordo com o grupo Abanca para vender as operações de retalho, banca privada e PME em Espanha.
A semana passada, o ministro das Finanças, João Leão, disse que o Novo Banco deverá receber este ano mais 429 milhões de euros do Fundo de Resolução, ainda que abaixo dos 598 milhões de euros pedidos pelo Novo Banco. A validação final da injeção de capital ainda está a ser feita.
O Novo Banco nasceu em agosto de 2014 na resolução do Banco Espírito Santo (BES).
Em 2017, aquando da venda de 75% do banco à Lone Star, foi criado um mecanismo de capitalização contingente pelo qual o Fundo de Resolução se comprometeu a, até 2026, cobrir perdas com ativos 'tóxicos' com que o Novo Banco ficou do BES até 3.890 milhões de euros.
O Novo Banco já consumiu até ao momento 2.976 milhões de euros de dinheiro público ao abrigo deste mecanismo de capitalização. Se a este valor se somarem os 429 milhões de euros referidos pelo ministro das Finanças, o Novo Banco passa a ter recebido 3.405 milhões de euros, ou seja, 87,5% do valor que estava previsto no mecanismo de capitalização.
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