O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, destacou, esta quarta-feira, a recuperação "rápida" do indicador de confiança dos consumidores, que mede as expectativas face à situação económica para os próximos 12 meses. Isto, no dia em que o BdP melhorou as previsões de crescimento para a economia portuguesa.
"Em maio de 2021, o indicador de confiança dos consumidores, naquilo que são as suas expectativas face à situação económica nos próximos 12 meses, revela que recuperamos em 14 meses o nível que o indicador tinha em fevereiro de 2020. Ou seja, apenas 14 meses para recuperar níveis de confiança face à atividade económica futura que existiam antes da crise eclodir", disse o governador do BdP, na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico.
O governador do BdP reiterou que, por comparação com a crise anterior, o indicador de confiança demorou menos tempo a recuperar nesta crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.
"Na crise pandémica, esta recuperação é muitíssimo mais rápida do que aquilo que aconteceu na crise das dívidas soberanas. Então, levamos 61 meses até em outubro de 2014 atingir níveis de confiança neste indicador que registávamos em setembro de 2009", referiu o governador do BdP.
O BdP prevê agora que a economia portuguesa cresça 4,8% em 2021, acima do projetado anteriormente, apontando para expansões de 5,6% em 2022 e de 2,4% em 2023, segundo o Boletim Económico, divulgado esta quarta-feira.
Com as novas projeções, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é revisto em alta em 0,9 pontos percentuais em 2021 e em 0,4 pontos percentuais em 2022, face às anteriores previsões de março, com o BdP a estimar que a economia recupere o nível de 2019 na primeira metade de 2022.
Mercado de trabalho "tem sido a ancora visível da recuperação económica"
A instituição prevê que a taxa de desemprego atinja 7,2% em 2021, recuando para 7,1% em 2022 e 6,8% em 2023, e espera que o emprego cresça 1,3% este ano.
"O mercado de trabalho tem sido um sinal muito visível da resiliência da economia portuguesa neste muito difícil contexto que estamos a viver. E tem sido a ancora visível da recuperação económica", acrescentou Mário Centeno, na conferência de imprensa.
No Boletim Económico de junho, hoje divulgado, o Banco de Portugal assinala que os 7,2% de taxa de desemprego que projeta para este ano traduz um aumento face ao valor observado em 2020 (7,0%), referindo, contudo, tratar-se de um "valor bastante inferior ao observado durante as duas recessões anteriores".
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