Combate à desinformação exige medidas cada vez mais "sofisticadas"
A desinformação converteu-se numa "epidemia" que desafia diariamente os jornalistas, instituições e a própria democracia, e o seu combate exige medidas cada vez mais "sofisticadas", defenderam hoje especialistas no fórum organizado pela Efe e União Europeia (UE).
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Economia Fake news
O debate digital "Como combater a desinformação: Experiências no Brasil e na União Europeia" reuniu quatro mulheres especialistas no assunto e o embaixador da UE no país sul-americano, Ignacio Ybáñez.
"Hoje em dia, o problema é mais complicado porque a pandemia da covid-19 vem acompanhada de uma infodemia sem precedentes", sublinhou Ybáñez.
Para combater essa "infodemia" de notícias falsas, o embaixador explicou que países e governos têm vindo a fazer cada vez mais esforços para transmitir à população informações "verídicas, sólidas e de qualidade".
Entre as medidas adotadas pela União Europeia, o embaixador destacou a elaboração de um código de práticas que estabelece um conjunto de autorregulação para a indústria da comunicação e a criação de um observatório de media digital.
A desinformação, também designada por 'fake news', pressupõe um desafio nas mais variadas frentes, sendo que um dos mais preocupantes assenta nos processos eleitorais em todo o mundo.
Sobre isso, a secretária-geral do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, Aline Osorio, sublinhou que nos últimos anos as campanhas de desinformação para "desacreditar" as eleições ganharam força.
"Tem havido muito debate sobre como a desinformação e a falta de consenso sobre factos básicos criam polarização e fazem com que as pessoas percam a confiança nas instituições e no processo eleitoral. E isso é o que há de mais grave numa democracia, afirmou.
Essas campanhas, apontou, foram fortalecidas a partir de 2016, quando Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos e adotou imediatamente um discurso de fraude eleitoral.
Alegações semelhantes foram posteriormente replicadas por outros líderes mundiais, entre os quais o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, vencedor das eleições presidenciais de 2018 e que foram marcados por massivas campanhas de notícias falsas.
O ano de "2018 foi um marco no combate à desinformação e expôs essa de necessidade de preparação para 2022, quando a justiça eleitoral e o próprio processo eleitoral serão os principais alvos de ataques", sublinhou Aline Osorio.
A jornalista do diário Folha de São Paulo Patrícia Campos Mello, autora do livro "Máquina do ódio" seguiu a mesma linha.
"Como Trump, o Presidente Jair Bolsonaro desde o início questionou a legislação eleitoral e intensificou essa retórica em todas as ocasiões, afirmando que sem voto impresso a eleição será uma fraude", sublinhou.
A jornalista considerou que, face a 2022, as instituições brasileiras estão "muito mais alerta", embora tenha alertado para possíveis riscos.
"Os jornalistas, verificadores de informação, instituições e governos terão de continuar a pressionar", salientou.
Nesse sentido, Desireé García, a responsável da Efe Verifica, serviço de verificação da agência de notícias espanhola Efe, salientou que a melhor arma para combater a chamada "infodemia" é a "informação de qualidade", "clara" e "diferenciada".
Com a chegada das redes sociais "já não somos os únicos para publicar" pelo que "às vezes não é tanto sobre verificar, mas contextualizar e responder a perguntas dos leitores de forma mais simples, direta e didática possível", apontou.
De acordo com um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), as notícias falsas têm 70% mais probabilidades de ser "retuitadas".
E é aí onde os influenciadores digitais também desempenham um papel chave, já que podem ajudar a divulgar verificações na luta contra a desinformação, apontou a investigadora em comunicação digital Issaaf Karhawi.
"Os influenciadores são representantes de grupos específicos, formadores de opinião", para que "possam ter esse poder no que diz respeito à rapidez e amplitude na divulgação das informações", salientou.
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